PARANÁ

No Brasil, 60% dos casos de cegueira poderiam ser evitados e 20% revertidos

o Brasil, segundo dados do IBGE, existem pelo menos 24,6 milhões de pessoas com alguma deficiência, sendo que 16,6 milhões (quase 70%) têm limitações visuais, são cegos ou possuem baixa visão. A deficiência visual concentra o maior número de portadores de necessidades especiais no Brasil e o último levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) mostra que 60% dos casos de cegueira poderiam ser evitados e 20% revertidos.

João Maria AlvesExistem menos 24,6 milhões de pessoas com alguma deficiência, sendo que 16,6 milhões (quase 70%) têm limitações visuais, são cegos ou possuem baixa visãoExistem menos 24,6 milhões de pessoas com alguma deficiência, sendo que 16,6 milhões (quase 70%) têm limitações visuais, são cegos ou possuem baixa visão

O próximo domingo (11) é o Dia Nacional do Deficiente Físico e, na última quinta-feira (8), foi o Dia Mundial da Visão. Os especialistas do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB) alertam sobre a necessidade de prevenir a perda de visão, causada especialmente pela catarata – cegueira reversível -, pelo glaucoma – cegueira irreversível – e pela retinopatia diabética – cegueira prevenível.

Catarata

Maior causa de cegueira reversível, a catarata responde por 48% dos casos de perda de visão no mundo. Caracteriza-se pela opacificação do cristalino, lente natural do olho que focaliza a luz conduzida até a retina para formar as imagens. O olho jovem permite este foco nítido. Com o passar dos anos, próximo dos 60, a luz já não chega tão clara e a visão fica borrada em consequência da opacificação do cristalino que se torna amarelado. Este fenômeno é a catarata e faz com que os raios de luz se espalhem e alterem as zonas de foco. De acordo com o diretor do departamento de catarata do HOB, oftalmologista Leonardo Akaishi, o único tratamento existente é a cirurgia de remoção do cristalino e sua substituição por uma lente artificial. “Quando não tratada, a catarata pode levar à cegueira”, alerta. Após a cirurgia, a visão é restabelecida.

Todos os anos surgem 552 mil novos casos de catarata no Brasil. “A catarata é envelhecimento – a não ser que se manifeste antes do esperado como consequência de exposição exagerada aos raios ultravioleta, de diabetes e variações de glicemia, de doenças como viroses infantis, choques elétricos, alto índice de colesterol, longo período de utilização de corticóides, consumo de cigarros e bebida alcoólica em demasia”, alerta Akaishi.

Glaucoma

Previsões do CBO estimam que, em 2010, haverá um milhão de brasileiros cegos em consequência do glaucoma, sendo que mais da metade deles sequer sabe que possui a doença. Segundo o especialista em glaucoma do HOB, oftalmologista Juscelino de Oliveira, o glaucoma é causado por um dano no nervo óptico provocado, muitas vezes, pelo aumento da pressão nos globos oculares. “Mas a alta pressão intraocular não é fator definitivo para a doença, não é o único fator de risco. Muitos pacientes com pressão dos olhos em níveis regulares apresentam glaucoma”, explica.

Considerada a maior causa de cegueira irreversível no mundo, o glaucoma aumenta sua prevalência com a idade, sendo associada a outros fatores de risco. Segundo dados da CBO, a hereditariedade confere aos parentes de primeiro grau de pacientes com glaucoma, dez vezes mais chances de desenvolver a neuropatia. “Pessoas com idade acima de 40 anos, portadoras de diabetes, míopes, usuários de esteróides corticóides, hipertensos, que já sofreram algum trauma ocular estão dentro do grupo de risco. Pessoas que apresentam pressão intra-ocular inadequada e também aquelas pertencentes à raça negra mostram-se mais propensas à doença”, diz Juscelino. Ele adverte: “glaucoma não tem cura, tem controle”. Esperar pelos sintomas da lesão visual não é o procedimento ideal. A perda de visão causada pelo glaucoma é irreversível, mas pode ser prevenida ou atrasada com o tratamento. “A detecção precoce da enfermidade é essencial para evitar a perda total da visão. As pessoas devem ter o costume de consultar um oftalmologista periodicamente, facilitando o diagnóstico do glaucoma em tempo de controlá-lo. O tratamento é feito à base de colírios hipotensores, usados para diminuir a pressão intraocular. O tratamento a laser também é utilizado para retardar os efeitos da doença”, esclarece o especialista.

Retinopatia diabética – A retinopatia diabética é consequência do estreitamento ou bloqueio dos vasos sanguíneos da retina, no fundo do olho, além de enfraquecimento da sua parede e precisa ser tratada antes da queixa originada pelo impacto deste quadro. O CBO estima que mais de 75% das pessoas que têm diabetes mellitus há mais de 20 anos sejam portadoras de retinopatia diabética. Segundo o especialista em retina do HOB, o oftalmologista Sérgio Kniggendorf, apesar da retinopatia dificilmente se manifestar antes de 10 anos de diabetes diagnosticada, este distúrbio ocorrerá mesmo com a glicemia controlada, e a isquemia e o edema têm que ser tratados antes que o diabético perceba suas consequências.

A retinopatia diabética é a maior causa de cegueira prevenível em pacientes em idade produtiva, atingindo até 50% dos pacientes diabéticos em alguma época da vida. O diabético tem 29 vezes mais chances de desenvolver a retinopatia do que um paciente não diabético. “Todo diabético precisa fazer o acompanhamento oftalmológico assim que a deficiência de produção ou de ação da insulina é diagnosticada, pois em algum nível irá desenvolver a retinopatia diabética”, salienta Kniggendorf.

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