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Estados Unidos valorizam mais as pessoas com deficiência, diz Joaquim Cruz

A diferença é tão grande que a gente não pode nem tentar comparar”. É a resposta imediata do ex-maratonista Joaquim Cruz ao ser questionado sobre as diferenças entre o Brasil e os Estados Unidos em relação ao esporte para pessoas com deficiência.

Segundo ele, além de mais recursos públicos e privados para treinar os atletas, nos Estados Unidos há uma cultura de valorização de pessoas com algum tipo de deficiência.

Joaquim Cruz conhece bem a realidade do esporte no Brasil. Ele foi o primeiro atleta brasileiro a ganhar medalha de ouro em provas de pista, nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984, quando foi campeão nos 800 metros.

Há 26 anos ele mora nos Estados Unidos, e há dois anos treina atletas norte-americanos com deficiência. Dez estão brigando por medalhas nos Jogos Parapan-Americanos do Rio de Janeiro.

Além de receber verba pública por meio do Comitê Paraolímpico, como ocorre no Brasil, os atletas norte-americanos são patrocinados por empresas privadas.

“E eles têm que mostrar resultados. Há uma cobrança de todos os lados, se o número de medalhas cai, há pressão por parte dos patrocinadores”, explica o treinador.

As crianças também recebem uma atenção especial. Segundo Joaquim Cruz, as escolas dos Estados Unidos têm obrigação de dar as mesmas oportunidades para as crianças com deficiência, tanto no aprendizado como na prática esportiva.

Para isso, são contratados professores especializados. Os centros comunitários também têm programas para as pessoas com deficiência.

“Se um pai tem um deficiente físico em casa, ele não esconde a criança, mas dá oportunidades, desde garotinho, para que ele se integre à sociedade e tenha oportunidades iguais às dos outros”.

Na avaliação dele, os próprios brasileiros são responsáveis por haver essas diferenças. Ele diz que os norte-americanos são mais ativos, cobram mais os seus direitos e participam mais das atividades sociais. “Tem muita gente trabalhando pelos deficientes no Brasil, mas é preciso ter mais pessoas, pois temos mais desafios a serem superados”.

Joaquim Cruz foi convidado a melhorar o desempenho dos atletas norte-americanos e prepará-los para as Paraolimpíadas de Pequim. Ele conta que, antes disso, os atletas eram treinados por pessoas especializadas em deficiência física, e não em atletismo. “Tudo o que eu aprendi, todo o treinamento que eu fiz, eles também podem fazer. Claro que tem coisas que eles não conseguem fazer por causa da deficiência, mas eu adapto para a realidade deles”.

Para o recordista brasileiro e sul-americano, treinar atletas com deficiência está sendo uma experiência "sensacional".

“Se antes eu achava que o corpo era uma coisa extraordinária, hoje, vendo esse pessoal competir, o que eles conseguem fazer é uma coisa de outro mundo. Eu tenho aprendido muito e cheguei à conclusão que todos somos deficientes em alguma coisa,  física ou mental. Cada um de nós tem algo a superar”.

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