De acordo com o curador da mostra, João Kulcsár, durante a mostra, haverá aquilo que ele batizou de “Sala Sensorial”. Nela, os visitantes entrarão num ambiente completamente escuro e serão submetidos a experimentar outros tipos de sentidos.
“O público, impossibilitado de enxergar, participa de uma experiência inesperada e os visitantes [que não sabem o que vão fazer] serão guiados por deficientes visuais pela sala”, explica. No local haverá morangos para serem cheirados e a fruta, para ser provada. Isso nada mais é uma vivência que os próprios alunos fizeram, durante uma atividade em que foram ao Mercado Municipal e registraram as imagens de morangos.
Esse esforço de mostrar que os deficientes visuais também podem ser fotógrafos apareceu depois que os próprios estudantes que freqüentavam a biblioteca em braile pediram para ter um curso de fotografia para cegos. “No começo, muitas foram as perguntas e provocações”, explica o professor. Mas, ao longo do tempo, Kulcsár foi percebendo que esta era uma maneira de incluir socialmente estas pessoas.
O curso em si tem uma metodologia um pouco diferente. Os alunos passam por basicamente três módulos – “Ensaio”, “Sentidos”, e “Ensaio Fotográfico”. Na primeira parte são desenvolvidas técnicas de distanciamento e enquadramento com os alunos. Depois, no segundo momento, eles usam os demais sentidos que possuem (tato, olfato, paladar), tendo condições de expressar suas idéias. E, em seguida, começam a registrar momentos na última parte do curso.
Mais
Quem quiser conferir a experiência de Kulcsár e seus alunos também poderão participara da “Conferência de Direitos Visíveis III – Fotografia como Ferramenta de Alfabetização Visual.” Há 100 vagas e também é Catraca Livre. O encontro prevê debates sobre assuntos ligados à fotografia e à inclusão dos deficientes visuais na sociedade.