Canteiro central de algumas das principais vias da cidade não é adaptado e dificuldades atingem também população idosa
O que deveria ser simples, tem se tornado um desafio perigoso para deficientes físicos, principalmente aos cadeirantes, em Manaus. Isso, porque, os canteiros centrais em várias ruas da cidade tem sido obstáculos a serem enfrentados na hora de atravessar as faixas de pedestres. Muitos canteiros não passaram por adequações para receberem as faixas que deveriam ser de segurança.
O cadeirante Luiz Gonzaga, 21, sentiu na pele a dificuldade de mobilidade ao atravessar uma faixa de pedestre na avenida Senador Álvaro Maia (antigo Boulevard), na Zona Centro-Sul de Manaus. Sem a rampa de acesso no canteiro, o jovem enfrenta um segundo desafio, depois do primeiro, ao conseguir atravessar a faixa.
O obstáculo físico que separa as duas pistas chega próximo de 30 centímetros.
“É horrível atravessar aqui. Sem a rampa, em horários de pico, é muito difícil”, disse.
Outros deficientes físicos, como o aposentado Josimar Melo, 68, que se locomove com o auxílio de muletas, também vivem o mesmo drama em outra avenida, uma das principais da cidade, e com grande fluxo de veículos.
Em frente a uma agência bancária, Josimar precisa que alguém o acompanhe para ajudá-lo a subir no canteiro central da avenida Djalma Batista, também localizada na Zona Centro-Sul de Manaus.
“Fica complicado subir de muletas nesse meio-fio. Não entendo como fazem a faixa de pedestre para garantir a segurança a quem passa por aqui, mas não lembram daqueles que tem necessidades especiais para locomoção.”
Na avenida André Araújo, no bairro Aleixo, próximo a uma escola de idiomas, aparece o mesmo desafio. Embora exista uma faixa de pedestre para garantir a segurança, o canteiro com 15 centímetros de altura dificulta a travessia de cadeirantes.
E a falha também se repete na avenida Ephigênio Salles, na mesma zona. Próximo ao Clube do Advogado, o canteiro central chega a medir 30 centímetros de altura, mas sem a rampa de acesso próximo à faixa de pedestre. A aposentada Ruth Veloso, 71, que mora próximo ao local, diz que por conta da sua idade, já não pode fazer muito esforço para subir degraus e precisa estar acompanhada para atravessar a faixa naquele ponto.
“Não só deficientes, mas é complicado para idosos também”, reclama Ruth.
De acordo com presidente da Associação de Deficientes Físicos do Amazonas (Adefa), Isaac Benayon, são mais de 10,5 mil associados. Ao todo, são 600 cadeirantes. Porém, segundo Benayon, mais de 14,8% da população amazonense é portadora de uma deficiência física. Para Isaac, a melhoria na acessibilidade dos deficientes deve ser executada por meio de ações conjuntas entre os órgãos responsáveis.
Adaptação
Outras falhas que também impressionam são as faixas de pedestre situadas em frente ao Ministério Público Estadual (MPE/AM), na avenida Coronel Teixeira, Zona Oeste de Manaus, e próximo ao Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM). Embora o problema esteja exposto nas proximidades dos órgãos públicos, o problema nestes locais também não foi solucionado.
Por meio da assessoria, o Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização de Trânsito (Manaustrans) informou que os projetos de engenharia para as adaptações dos canteiros centrais onde há faixa de pedestre estão em fase de conclusão e serão encaminhados nos próximos dias à Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), que executará as obras necessárias para a completa acessibilidade dos portadores de deficiência. As obras deverão iniciar em dezembro.
O Manaustrans informou também que o projeto “Tô na faixa” completou quatro meses no último dia 12 e no momento, está na fase de ampliação.
Declarados
Segundo o Censo 2010 do IBGE, existem, atualmente, 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, cerca de 24% da população brasileira. Em 2000, o percentual era de 14,5%, o que demonstra um aumento de 65% no número de deficientes declarados.
Fonte: A Crítica