Problemas com acessibilidade levam deficientes físicos a reivindicar bilhetagem eletrônica nos ônibus de JP
Um dos problemas mais abordados na atualidade no Brasil devido à exposição das dificuldades enfrentadas por um cadeirante, embora de forma superficial, na novela ‘Viver a Vida’, com a interpretação de Aline Morais, na pele da personagem Luciana, traz à baila um cotidiano de dificuldades encaradas pelos deficientes paraibanos.
De acordo com o presidente da Associação dos deficientes e familiares da Paraíba (Asdef), Francisco Izidoro, apesar das conquistas desta parcela da população com o incremento de ônibus adaptados em João Pessoa, um dos principais problemas enfrentados pelos deficientes pessoenses é a distribuição das linhas de ônibus na cidade. “De um modo geral, os bairros mais populares têm um limitação muito grande. Não basta ser adaptado, precisa ser bem distribuído”, ressaltou.
Francisco Izidoro afirmou que já solicitou à STtrans a extensão da bilhetagem eletrônica para deficientes para rastrear as linhas mais usadas por eles a fim de verificar com maior precisão a demanda desta população .
Segundo o presidente da Asdef, um deficiente físico chega a esperar uma hora e meia por um ônibus adaptado nas paradas de ônibus em João Pessoa, e muitas vezes, os motoristas, ao perceberem que se trata de uma pessoa especial, “queimam as paradas”.
Além das dificuldades em relação às paradas de ônibus, os deficientes físicos também enfrentam problemas com os desnivelamentos das calçadas e a falta de infraestrutura das ruas da capital. “Os deficientes enfrentam grandes desafios assim que sai de casa até chegar ao seu destino”, lamentou Izidoro.
E os problemas não param por aí. A inserção no mercado de trabalho também é um dos desafios cruciais enfrentados pelos deficientes.
A lei de cotas para as pessoas especiais em empresas particulares, que obriga a contratação de 2% a 5% de deficientes não é cumprida em nosso Estado, segundo Izidoro.
De acordo com os dados extraídos da Relação Anual das Informações Sociais (Rais), apenas quatro mil deficientes da Paraíba estão empregadas. Se a lei fosse cumprida esse número subiria para 12 mil.
Na esfera pública também existe uma lei cotas que reserva de 5% a 20% das vagas para deficientes físicos, mas também não é cumprida de forma correta.
Segundo Francisco Izidoro, a Asdef ainda espera um posicionamento do Ministério Público paraibano em relação às irregularidades no concurso da Polícia Civil realizado há dezoito meses que não cumpriu as exigências da lei de cotas para deficientes.
O presidente da Associação lamentou “a omissão do Ministério Público” em relação ao caso e revelou que já denunciou o fato ao Conselho Nacional do órgão.
Francisco Izidoro afirmou também que o Ministério Público “não veste a camisa das pessoas especiais” e se queixou da atuação da Curadoria do Cidadão “que não age em defesa dos deficientes”.
A Paraíba é o Estado brasileiro com o maior percentual de deficientes físicos. De acordo com os dados do IBGE de 2000, 18,76% da população paraibana, o equivalente a 700 mil pessoas, apresentam algum tipo de deficiência. A média nacional é de 14%.