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Falta de informação ainda é o grande problema da dislexia

A inteligência, até alguns anos atrás, era medida apenas pelos testes de Q.I. – Quociente de Inteligência. Dependendo do resultado, uma pessoa poderia ser classificada, por exemplo, como abaixo da média, mediano ou superdotado. E a ideia de que “quem é bom é bom em tudo” foi um conceito que limitou por décadas o entendimento sobre inteligência. No entanto, entender como aprendemos e o porquê de muitas pessoas inteligentes, e até geniais, experimentarem dificuldades de aprendizado é um dos desafios da Ciência, que aos poucos começa a desvendar os mistérios do cérebro. Com os avanços tecnológicos, descobriu-se a dislexia.
De acordo com a pedagoga especial Marisa Helena Silva, dislexia é um transtorno hereditário dominante que afeta a aprendizagem ligada à área da leitura, escrita e soletração. É uma dificuldade que aparece na época escolar, o que acaba afetando o desenvolvimento do intelecto. Chega a ser confundida, muitas vezes, com preguiça ou desinteresse da idade, mas não é bem isso.
 
A pedagoga explica que os primeiros sinais são os que atingem o entendimento de organização da criança, podendo ser pouco perceptivos antes da idade escolar. “É na escola que essas dificuldades são percebidas. Quando a criança tem dificuldades em assimilar o que é ensinado pelo professor, tem problemas na leitura, escrita e compreensão do que lê, trocando letras frequentemente”. Segundo Marisa, a dislexia também afeta a memória de curto prazo. Além disso, o disléxico não consegue realizar tarefas como seguir indicações de caminhos, executar trabalhos complexos, aprender outras línguas e outras situações que estão diretamente ligadas às áreas da memória, raciocínio e linguagem.
No entanto, o psicólogo cognitivo Howard Gardner descobriu em suas pesquisas que a medição da inteligência, assim como considerar dificuldades de aprendizagem como “burrice”, é um grande equívoco. Em seu livro Inteligências Múltiplas, Gardner demonstrou que cada cérebro é diferente do outro e por isso cada pessoa desenvolve uma habilidade diferente. No caso dos disléxicos, o hemisfério lateral direito é mais desenvolvido do que o dos leitores normais, o que significa um desenvolvimento de outros potenciais. Hoje, também fazem parte da inteligência a sensibilidade às artes, ao atletismo, à mecânica, criatividade na solução de problemas, entre outros.
 
“O que acontece é que o disléxico tem um ritmo diferente, portanto não se deve submetê-lo a pressão de tempo ou competição com os colegas”, destaca a pedagoga. Atualmente, a dislexia é uma das causas da evasão escolar e do analfabetismo funcional, por ainda estar envolvida pela desinformação. “É importante estimular o disléxico a fazer com que ele acredite na sua própria capacidade. Com métodos adequados, muita atenção e carinho, a dislexia pode ser derrotada”, completa a pedagoga.
Crianças disléxicas que recebem tratamento desde cedo apresentam menos dificuldades ao aprender situações e conteúdos novos. “É importante entender que a dislexia não é curada sem um tratamento apropriado. Não se trata de um problema que é superado com o tempo”, esclarece Marisa. Segundo ela, cada caso é diferente, o que exige uma educação e um tratamento mais específico para cada dificuldade. Um dos tratamentos parte da modificação dos métodos de ensino e do ambiente educacional para atender às necessidades do disléxico, visando a ensinar através do que o estimula, seja com música, vídeos, artes, entre outros recursos. Em alguns casos, são indicados medicamentos complementares que auxiliam na atenção e concentração.

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