“Trata-se de um evento que faz parte de um plano que visa unificar a ação dos comunistas que atuam nas entidades ligadas às pessoas com deficiência. Depois dessa primeira reunião, a Secretaria Nacional de Movimentos Sociais organizará, entre o final de maio e junho, um encontro com todas as frentes de atuação nos movimentos sociais que dirige”, disse Edson França, membro da Comissão Nacional de Movimentos Sociais.
Durante o seminário O PCdoB e o movimento de pessoas com deficiência, “vamos ouvir o que o movimento tem a dizer e, com base nesse debate elaborar um documento que norteie nossa atuação e contribua para ampliar as conquistas das pessoas com deficiência”, coloca França. Segundo ele, “a organização dos comunistas em frentes de atuação no movimento social é um elemento importante que também compõe a tática do partido na busca por um projeto nacional de desenvolvimento e a estratégia de construção do socialismo”.
Nesse sentido, os comunistas buscam ampliar sua atuação em outras áreas. “Queremos também desenvolver a mobilização de lideranças que atuam nos movimentos de idosos, consumidores, religiosos, entre outros. Temos conhecimento de que há comunistas nas mais diversas frentes e queremos organizar essa atuação e a ajudar a aprimorá-la”, esclarece França.
Acessibilidade em todos os níveis
Militante do PCdoB há dez anos e há décadas no movimento de deficientes, Galeno Silva – hoje membro da Comissão Nacional de Movimentos Sociais – comemora a iniciativa. “Essa é uma luta muito nova e é um grande avanço ter o PCdoB engajado numa frente que é fundamental para milhares de brasileiros”. De acordo com o IBGE, 14,5% da população brasileira têm algum tipo de deficiência.
Fotógrafo publicitário há 30 anos, Galeno, 63 anos, percebe como a sociedade tem dificuldades em tratar com naturalidade os portadores de deficiência. “Todo mundo estranha quando eu chego para fotografar em algum lugar, pois esse não é o “modelo” de profissional de fotografia que a mídia mostra”, conta.
Para Galeno, a mídia contribui negativamente também em outros aspectos. “Quando um deficiente dá uma entrevista, não o identificam como profissional e sim pela deficiência e há sempre aquela imagem da superação individual, do herói, que limita a atuação coletiva”.
Ele também participa do Movimento pelos Direitos das Pessoas Deficientes (MDPD) onde é coordenador geral. Movimento criado em meados de 1979 na cidade de São Paulo. “Lutamos pela acessibilidade universal”, disse. E completou: “queremos estar de fato inseridos na sociedade”.
Galeno reconhece, no entanto, que hoje o Brasil avançou na cidadania das pessoas com deficiência “A ONU elegeu o país como o que possui a melhor legislação sobre o tema, mas falta pôr em prática aquilo que ela estipula. No âmbito governamental, a gestão Lula avançou muito, especialmente na área do esporte paraolímpico”, destacou o ex-atleta de levantamento de peso.
Na opinião do comunista, a maior inserção de partidos de esquerda na luta das pessoas com deficiência é um grande avanço na luta pela construção de uma sociedade socialista. “É importante que partidos do outro campo, como o PCdoB, criem condições inclusive de que militantes deste segmento tenham acúmulo político-ideológico que lhes permitam ser candidatos a cargos eletivos, para que as pessoas com deficiência sejam protagonistas de sua própria história”.
Programação
O seminário O PCdoB e o movimento de pessoas com deficiência acontece no próximo sábado, a partir das 9h, na sede do Comitê Central do PCdoB (rua Rego Freitas, 192, República, São Paulo).
O primeiro palestrante será Ricardo Abreu, o Alemão, secretário de Movimentos Sociais do PCdoB. A partir das 10h45, será feita uma apresentação sobre a história, os direitos, conquistas, propostas e bandeiras de luta, com os militantes do movimento de deficientes Humberto Lippo, sociólogo e professor, Francisca das Chagas Felix, da área de recursos humanos e Antonio Muniz, professor e bibliotecário.
À tarde, a partir das 14h, o tema será “A atuação do PCdoB no movimento das pessoas com deficiência”, com Galeno Silva e Marcos Emílio, secretário estadual de Movimentos Sociais de São Paulo.
Mais informações sobre o seminário podem ser obtidas pelo (11) 3054-1812, com Rogério, e pelo correio eletrônico sociais@pcdob.org.br.