Idosos e deficientes físicos são vítimas do desrespeito nas peruas de São Vicente. Diariamente, eles enfrentam uma maratona para conseguir embarcar. Muitos esperam mais de uma hora, outros até mesmo desistem e retornam para a casa. A cidade tem 367 lotações, que são responsáveis pelo transporte público desde maio de 1997.
De acordo com uma lei municipal de 2005, as lotações devem transportar gratuitamente a cada viagem dois idosos com idade entre 60 e 65 anos, além de dois deficientes físicos. Ainda segundo a regulamentação, não há restrições para passageiros com mais de 65 anos. Os veículos são obrigados também a transportar gratuitamente carteiros e patrulheiros. Uma carteirinha garante o direito. Entretanto, por causa do aborrecimento e humilhação, muitos já desistiram de utilizar o documento.
Uma equipe de reportagem da TV Tribuna flagrou diversas cenas do abuso nas ruas da cidade. Peruas passam praticamente vazias e não param para atender idosos e deficientes físicos. Alguns esperam por cerca de 1h30 para embarcar. Aposentados afirmam que escutam desaforos dos perueiros quando apresentam a carteirinha.
Os abusos foram confirmados por um ex-motorista. Sem se identificar, ele disse que a orientação dos proprietários dos veículos é tentar se livrar de idosos e deficientes. “Se estiver sozinho, passa direto. Se parar no ponto para pegar passageiro e ele tentar entrar, fala que tem (idoso ou deficiente dentro do veículo) e pronto”.
Ao saber dos abusos, o presidente da cooperativa de lotações, Vicente Galdino, lamentou a situação. Para ele, o problema seria solucionado se a Prefeitura pagasse metade do valor das passagens. “Eles bancariam 50% e a categoria outros 50%, como fazemos para os estudantes”. Ele ainda critica a regulamentação. “Quando se faz um projeto de lei tem que ver quem vai pagar”.
Ele explica ainda que as regras que regulamentam o serviço facilitam esse tipo de situação. “O idoso não pode ser transportado em pé. Se ele se machucar, a responsabilidade é nossa”.
O secretário de Transporte da cidade, Ulisses Garavatti, não concorda com a afirmação de Galdino sobre o repasse. “Dentro da planilha de custo já está incluída a gratuita, que está prevista dentro do custo da passagem”. De acordo com ele, a Prefeitura já conhecia o problema. “Nós já aplicamos até outubro 450 multas”.
Para solucionar o caso, Prefeitura, as sete associações de transporte alternativo e a cooperativa de lotações do município se reuniram na noite de segunda-feira. No encontro ficou determinado o aumento da fiscalização, com a punição do motorista e cobrador que se recusarem a transportar o idoso e o deficiente com o afastamento do trabalho por três dias. “Só o sistema de multa não estava funcionando, pois era expedido somente sobre a perua”.
Além disso, dez novos profissionais vão atuar na fiscalização, que será ampliada a partir do dia 15. De acordo com Garavatti, a implantação da catraca eletrônica deve evitar esse problema. “Nós queremos implantar isso em 2009”. As informações são da TV Tribuna.