La Paz, 20 ago (EFE).- O Congresso da Bolívia aprovou hoje a criação de um fundo econômico para conceder ajuda anual aos deficientes físicos, que estão em greve há um mês e têm protagonizado vários protestos contra o Governo do presidente Evo Morales.
Segundo a lei aprovado no congresso, para financiar este fundo, dotado com 40 milhões de bolivianos (mais de US$ 5,6 milhões), dez vezes mais do que o previsto inicialmente, foram suprimidas as ajudas do Estado aos partidos políticos, grupos de cidadãos e populações indígenas.
Com estes recursos, será criado Fundo Nacional de Solidariedade e Igualdade, destinado aos deficientes, que será distribuído pelo Tesouro Geral da Nação anualmente.
O Governo boliviano prevê elaborar um censo para determinar quantas pessoas com algum tipo de deficiência existem no país, e, com base nesses dados, definir a quantia necessária para cobrir os benefícios a esses cidadãos.
O Poder Democrático e Social (Podemos) acredita que serão necessários mais de 40 milhões de bolivianos para atender às reivindicações dos deficientes.
Em um clima de tensão e devido às fortes medidas de segurança nos arredores da Praça Murillo, onde fica o Congresso boliviano, apenas cerca de dez pessoas puderam se aproximar das portas do Parlamento para acompanhar de perto o desenvolvimento da sessão de votação.
Apesar da aprovação do fundo econômico, os deficientes ainda continuam com suas medidas de pressão e esperam saber quanto cada um receberá e qual será o grau de invalidez necessário para obter o benefício, explicou à Agência Efe o representante dos deficientes na cidade de La Paz, Teclo Gonzales.
Para o dirigente nacional dos deficientes, Jaime Estívariz, “deveria ser criado um fundo destinado não só ao bônus de solidariedade, mas também à criação de centros de reinserção no mercado de trabalho e na sociedade”.
Em declarações à Efe, Estívariz acusou o Governo de se apropriar dos recursos antes destinados ao financiamento de partidos para “usá-los politicamente” e anunciou que os deficientes “continuarão na luta e radicalizarão as medidas” se suas exigências não forem atendidas.
Os deficientes exigem que o Governo cumpra sua promessa de conceder a eles ajuda anual de três mil bolivianos (US$ 423) e por isso organizaram concentrações e manifestações por todo o país em mais de um mês.
O momento mais conflituoso aconteceu na sexta-feira em Santa Cruz, quando um grupo de deficientes foi expulso violentamente pela Polícia das instalações da estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) na cidade.