A Organização Mundial da Saúde avalia que somente 5% das crianças nos países em desenvolvimento têm acesso a apoio ou serviços de qualquer tipo, e menos de 2% freqüentam uma escola. Barreiras físicas e barreiras de atitudes freqüentemente impedem famílias e comunidades de dar a estas crianças as mesmas oportunidades fornecidas a crianças que não têm nenhuma deficiência (CIDA 2000).
Além disso, as crianças com deficiências estão disproporcionadamente representadas em famílias de baixa renda, mesmo quando se trata de países desenvolvidos. Em nações cuja renda é pobre, segundo Kisanji (1998) pessoas que estão presentemente sendo maginalizadas por políticas e práticas educacionais, como ocorre com as pessoas que têm necessidades especiais, têm todas as probabilidades de permanecerem excluídas da escolaridade em futuro previsível, a menos que reformas radicais na estrutura dos sistemas educacionais sejam devidamente contempladas e implementadas.
O fracasso em assegurar que crianças com deficiências recebam serviços educacionais eficientes resulta em sua exclusão, mais tarde, do mercado de trabalho, exclusão que também ocorre através de outras formas de discriminação e dependência. Isso também contribui para suas más condições de saúde.
O fracasso do ensino segregado
Na América Latina e Caribe o sistema educacional para alunos com deficiências tem se baseado, principalmente, em um número limitado de escolas especiais. Isto tem ocorrido no caso de países menores, menos desenvolvidos, bem como também ocorre nos países mais desenvolvidos, como demonstram os exemplos seguintes:
Nicarágua tem cerca de 150.000 crianças com necessidades especiais. Destas o sistema do país pode acomodar somente 2.4%.(3.600 crianças) o que significa que as necessidades de 97.6% de crianças com deficiências não são atendidas.
No Chile escolas tradicionais direcionam seus esforços para o atendimento de crianças com deficiências leves, ignorando aquelas que têm problemas mais graves (Milicic and Sius, 1995). Além disso, a maioria das escolas de educação especial se especializa em apenas um tipo de deficiência, o que significa que crianças com deficiências múltiplas são, freqüentemente, ignoradas. As 300 escolas de educação especial do país somente conseguem acomodar 30.000 estudantes, um terço de todos os que precisam desse serviço.
Como no Brasil já percebemos há muito tempo, a situação de crianças com deficiências é bastante precária em toda a América Latina e região do Caribe.
Tais dificuldades são claramente pioradas em razão da grande pobreza que existe em nosso continente, pois pobreza X deficiência é um fantasma presente em todas as formulações de políticas públicas, algumas até demonstrando boa vontade, mas é preciso muito maior vigor para que se consiga reduzir, de fato, a pobreza e criar condições para que as crianças TODAS de nossos países irmãos, tenham acesso a uma educação de qualidade, que passa pelo aprimoramento constante dos professores, a mudança de ” atitude” dos professores, atitude ou atitudes essas que grandes especialistas do mundo todo, inclusive os pais, apontam como a causa do insucesso freqüente de programas inclusivos. Se o professor não tiver o espírito aberto e orientado para aceitar, aceitar para valer, a diversidade humana que compõem os cidadãos do mundo de maneira geral com suas culturas, crenças, tradições, valores de cada país, então a criança com deficiências, sejam de que tipo for mas de forma eloqüente as que têm deficiência intelectual, se verão sempre as últimas da fila, as excluídas, as eternas vítimas de sistemas políticos desumanos e atrasados.
O combate à pobreza, na sua forma mais contundente, não deve pois ser um objetivo somente de governos mas de cada um de nós, que desejamos ver surgir um mundo mais justo, mais igual, em que todos tenham direito a desfrutar os bens que o progresso material e espiritual traz às comunidades.