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Funcionários especiais O que levar em conta na hora de contratar portadores de deficiências
Existem cerca de 25 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência, o que representa aproximada- mente 14% da população. Muitas dessas pessoas estão fora do mercado de trabalho, pois não têm qualificação e às vezes nem mesmo estudo. Mas muitas poderiam ocupar postos em fábricas, escritórios, centrais de atendimento, etc. Segundo a Lei de Cotas (8.213/91), as empresas com mais de 100 empregados devem reservar de 2% a 5% de suas vagas para deficientes. Especialistas garantem que a partir deste ano quem não ***prir a lei será multado. A multa é de pouco mais de R$ 1.000 por dia, por pessoa não contrat
ada.Para quem vai contratar, o que levar em conta? Segundo Andrea Goldschmidt, sócia da Apoena Social, consultoria na área de responsabilidade social, em primeiro lugar, o empresário deve enxergar no candidato todas as suas habilidades e não suas deficiências. 'Dessa forma, ele poderá avaliar em que função o profissional será mais produtivo', diz ela. Veja, a seguir, as providências a serem tomadas. Preencha as vagas existentes Não se deve criar funções só para contratar alguém e ***prir a lei. Verifique em que áreas há espaço para a inclusão. Para encontrar potenciais funcionários, pode-se recorrer a entidades que formam mão-de-obra, entre as quais o Senai (www.senai.br), o Sesi (www.sesi.org.br), a Apae (www.apaebrasil.org.br) e o Instituto Paradigma (institutoparadigma.org.br).Conte com especialistas Um médico do trabalho e um técnico em segurança do trabalho podem ajudá-lo na seleção do funcionário. 'Se for contratar dificientes visuais, tenha fichas de recrutamento em braile', diz a psicóloga Anita Marino, consultora na área de acessibilidade. 'No caso de surdos, deve-se ter o apoio de alguém que possa traduzir o diálogo para libras, a linguagem brasileira de sinais.'Adapte as instalações Antes de mais nada, é preciso criar rampas de acesso, banheiros com portas amplas, barras de apoio e espaços para cadeirantes, de acordo com as medidas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 'Assim que contratar o novo funcionário, será possível adaptar móveis e demais equipamentos conforme as necessidades dele', diz a psicóloga Anita. O mesmo vale para o estacionamento. Se o contratado tiver carro ou chegar à empresa de carona, é preciso reservar uma vaga para que ele estacione ou desembarque sem dificuldades.Crie uma política de inclusão A medida facilitará o entrosamento do funcionário deficiente com os demais. Você pode começar com uma reunião com seus líderes, de forma que eles repassem as informações aos seus subordinados. Esses bate-papos podem ser descontraídos, com a presença dos novos funcionários, para que todos se sintam à vontade. Se contratar mais de um deficiente, tome cuidado para que eles não fiquem na mesma função, isolados dos outros empregados. Também pode-se estimular a criação de 'padrinhos'. São pessoas que espontaneamente ajudarão os deficientes em diferentes situações cotidianas. Se houver deficientes auditivos, a empresa pode convidar professores para dar aulas de linguagem de sinais a todos os empregados indistintamente. Mas nada deve ser imposto. Os alunos e padrinhos têm que ser voluntários.Adapte as áreas e atividades de apoio Restaurante, ambulatório e espaços de convivência também devem ser acessíveis ao funcionário deficiente. O mesmo cuidado precisa ser tomado em relação às atividades de segurança. Simulados de incêndio e treinamentos para a evacuação do prédio precisam levar em conta a presença de quem tem dificuldade de se locomover, ouvir ou enxergar. Essas pessoas devem trabalhar sempre perto de uma saída de emergência e contar com alguém que as auxilie nessas situações. No caso dos surdos, é importante que os alarmes sonoros sejam acompanhados de sinais luminosos.Ouça o funcionário Deixe bem claro para o deficiente que ele deve se manifestar, caso se sinta desconfortável no trabalho. Segundo Anita, muitos deles se sentem tão gratificados pela oportunidade de emprego que preferem não reclamar das dificuldades enfrentadas no dia-a-dia. 'Não se pode esquecer que uma pessoa com um problema físico que fica muito tempo numa posição errada pode ter o seu problema agravado', diz ela.Avalie a produtividade Assim, os funcionários deficientes sentirão que têm as mesmas chances de crescimento profissional que os demais. Mas tome cuidado para que eles não estendam demais o horário de trabalho. De acordo com Anita, os portadores de deficiência tendem a ser muito dedicados quando encontram um emprego e gostam de ser os primeiros a chegar e os últimos a sair. Não é preciso tanto para que todos – empresa, deficientes e sociedade saiam ganhando.
Fonte revista pegn