AMAPÁ

POR LEI, SURDOS TERÃO INTÉRPRETES NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS

A partir deste sábado (23) entra em vigor a lei que obriga universidades e escolas federais a oferecerem intérpretes de Libras (língua brasileira de sinais) para seus alunos surdos. As instituições de ensino tiveram um ano para se preparar para o atendimento aos alunos com deficiência auditiva, desde que o decreto regulamentou, em 23 de dezembro de 2005, a lei nº 10.436, conhecida como a “Lei de Libras”.

O documento diz que “As instituições federais de ensino, de educação básica e superior, devem proporcionar aos alunos surdos os serviços de tradutor e intérprete de Libras – Língua Portuguesa em sala de aula e em outros espaços educacionais, bem como equipamentos e tecnologias que viabilizem o acesso à comunicação, à informação e à educação”.

O Brasil tem, hoje, 70 mil alunos surdos nos ensinos fundamental e médio. E outros mil estudantes universitários com deficiência auditiva.

“Necessidade é muito grande”
Grande parte destes universitários participa de comunidades na internet, em que muitos reclamam das perdas sofridas durante o curso porque não têm ou não tiveram intérpretes. Priscilla Cavalcante, aluna de duas graduações, pedagogia e direito – a primeira, cursada no Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), oferece intérpretes – revela que gravava as aulas de direito e dava as fitas para o pai no fim do dia, que as transcrevia.

Apesar da ajuda familiar, Priscilla lamenta perder diversas atividades: “A necessidade de ter interprete é muito grande pois na faculdade há vários seminários, que valem como carga horária. Tem assuntos relevantes e, infelizmente, não tem como eu participar por causa da ausência de intérprete”.

Raul Bochie, prestes a se formar em engenharia elétrica numa faculdade particular em Salvador, ficou feliz pela novidade: “Tenho uma amiga que também é surda e está muito ansiosa para ter intéprete na faculdade”, conta. “Durante cinco anos, sofri muito porque não conseguia entender os professores, que falam muito rápido. Não conseguia ler os lábios deles. Eu dormia e ‘viajava’ o tempo todo. Estudava apenas pelo caderno e passava direto”, explicou, por e-mail.

Raul lamenta que sempre tinha de se preocupar com as notas, em vez de se concentrar nos estudos: “Se eu tivesse intérprete, com certeza não ficaria preocupado, apenas me sentiria seguro”, arremata.

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