Além de a maioria das calçadas ainda não terem pisos táteis para alertar os deficientes visuais, eles ainda precisam estar atentos quanto à utilização inadequada desse recurso
Os pisos guias, como os da foto, indicam o caminho pelo qual os deficientes visuais podem seguir, mas não são obrigatórios. Já o alerta quanto a obstáculos precisa ser feito com o piso tátil de alerta, conhecido como “de bolinha”. “No caso da colocação do piso guia na beira da calçada, não há irregularidade, porque ele não é obrigatório. O que acontece é que ele foi colocado de forma errada”, explica a coordenadora da Divisão de Planejamento Físico Territorial, Tânia Maria Barcelos Nazari.
Ela ainda reconhece que há dificuldades para fiscalizar a ausência de piso tátil. “Nós pedimos que quem vai construir ou deseja regularizar a calçada venha até nós que a gente passa todas as orientações”, informa. “Confesso que nós não costumamos ir atrás das calçadas onde não há piso tátil. O que estamos fazendo é agir sobre aquelas onde há buracos e coisas assim”, afirma Tânia.
De acordo com o presidente da Associação de Deficientes Visuais do Sul (Adivisul), a má utilização dos pisos táteis não só não ajuda como ainda atrapalha. “Se é para colocar de forma errada, é melhor nem colocar. Então que se faça uma calçada lisa, bem feita, porque aí o cego com a bengala consegue se orientar muito bem”, explica. “As pessoas que vendem o piso parecem não saber orientar”, frisa.
De acordo com Nesi, o problema não fica restrito a um ou outro local. “Na maioria dos lugares em Criciúma não tem calçada e, onde tem, quase nenhuma presta”, avalia. “Eles invertem as coisas, colocam piso direcional onde é para colocar o de alerta e vice-versa”, afirma Nesi. “E olha que eu já conversei com todo mundo sobre isso. Ninguém faz nada, ninguém fiscaliza”, desabafa.