Para dar tratamento de ponta e de graça a deficientes físicos a Rede de Reabilitação Lucy Montoro recebe pacientes de todo o país. São sete unidades no estado de São Paulo que atendem 1,8 mil pacientes por dia. A Rede de Reabilitação Lucy Montoro foi criada em 2008 e hoje tem sete unidades de reabilitação em funcionamento. Cinco estão na capital e duas ficam no interior, em Campinas e Ribeirão Preto. O atendimento é gratuito pelo SUS, Sistema Único de Saúde.
“São pacientes que sofreram acidente ou trauma de coluna e ficaram tetra ou paraplégicos, ou tiveram uma sequela de uma lesão encefálica. Tem crianças com algum tipo de deficiência, sendo a mais comum a paralisia cerebral. Atendemos também pacientes com amputações e com doenças neurodegenerativas em geral”, explica o diretor clínico Daniel Souza.
A unidade em São Paulo tem mais de 300 profissionais envolvidos no tratamento intensivo. “O nosso foco na terapia ocupacional é trabalhar atividades do dia-a-dia. Então a gente busca que esses pacientes tenham mais independência ou necessitem de menos ajuda dos seus cuidadores, dos seus familiares, nas atividades do dia a dia”, esclarece a terapeuta ocupacional Vivian Daniela dos Santos. “Na parte de fisioterapia já consegui bastante coisa. Levantar e rolar na cama”, comemora a paciente Enaide Rosa.
No instituto há uma área reservada para internações e tratamentos intensivos. O paciente Renato Souza e a esposa são de Cachoeira Paulista, cidade que fica a 200km de São Paulo, e chegaram à unidade há dois meses. “Eu estava me tratando na cidade. Só que eram 30 minutos de fisioterapia uma vez por semana. E a maioria dos outros dias eu fazia exercícios por mim mesmo”, explica Renato.
O acidente de carro foi há três anos. Só agora ele conseguiu um tratamento intensivo. “O desejo de todo mundo era que a gente pudesse atender esses pacientes o mais precocemente possível porque isso tem impacto bastante importante na recuperação do paciente, mas infelizmente a gente não tem o numero suficiente e necessário para o número de doentes que a gente tem”, esclarece o diretor clínico Daniel Souza.
Unidade Móvel
A Rede também tem uma unidade móvel que percorre o interior de São Paulo e presta atendimento aos deficientes físicos. A unidade móvel foi ao Vale do Ribeira, que fica a cerca de 200km de São Paulo. Toda vez que se desloca, a carreta fica pelo menos uma semana estacionada na cidade e atende uma média de 80 pacientes por dia. “São seis ambientes. Tem uma sala de espera, dois consultórios, uma sala para prova dos técnicos e dois espaços da parte da oficina, com todo o maquinário para fazer os ajustes”, explica a médica Mariane Kateishi.
O comerciante Pedro Nunes perdeu o braço num acidente de carro. Ele ganhou uma prótese nova. “Se não fosse esse trabalho, ele teria que procurar o particular ou entraria na fila. Mas aqui tem um trabalho bem rápido, se for comprar no particular uma prótese desta deve custar cerca de cinco mil reais”, calcula o técnico Roberto Carlos Ferreira.
Criada em 2009, a unidade móvel já rodou 40 mil quilômetros e atendeu mais de 15 mil pessoas. “A gente recebe uma lista dos municípios com os equipamentos solicitados, com o tempo de espera e com a estrutura da região. A maioria não tem mesmo”, esclarece Mariane. Mais de 20 profissionais trabalham no projeto que tem até oficina. “A gente consegue produzir qualquer equipamento de órtese e prótese. Isso possibilita um atendimento melhor. E qualquer ajuste também dá para ser feito dentro da estrutura, da unidade móvel. A gente está fazendo em 45 dias um processo que geralmente demora 120”, diz Pedro El Daher, chefe da oficina de órtese.
Os médicos também contam com a estrutura do hospital local. “Há dois anos eu estava na fila esperando o sapato. Foi uma surpresa. Eu ganhei cadeira de rodas, ganhei cadeira de banho e o sapato eu já estou pegando”, diz a cozinheira Clotilde Santos. O sapato que Clotilde vai ganhar custa uma média de R$ 700.
O produtor rural Evanaldo da Silva perdeu a mão na máquina de fazer ração. “Faz tempo que nós estamos correndo atrás. Tudo era difícil”, diz. Foram quatro anos de espera. “Eu tinha vergonha. Eu trabalhava sem camisa e enrolava um pano. Agora, não vai precisar mais disso”, conclui.