Neste artigo, publicamos alguns excertos do livro “Sexualidade e Deficiência Mental”: pesquisando, refletindo e debatendo sobre o tema, da autoria de Rosana Glat e de Rute Cândida de Freitas (Rio de Janeiro: Editora Sette Letras, 2007, 3ª edição), no qual a autora dá conta das principais descobertas e conclusões que tem retirado de estudos realizados nesteâmbito. Apesar de se registarem já alguns avanços positivos na discussão e compreensão do tema, subsistem ainda alguns preconceitos que a autora descreve e esclarece neste livro.
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“Falar sobre sexo durante muito tempo foi considerado um tabu. Falar sobre a sexualidade de pessoas portadoras de deficiência mais ainda. Entretanto, a partir da última década, este tema começou a receber bastante atenção tanto nos meios clínicos quanto académicos. De facto, raro é hoje em dia o congresso, encontro ou reunião de Educação Especial em que a questão”sexualidade e deficiência” não seja abordada. (…)” Relativamente à integração das pessoas com deficiência, “a proposta que se constitui na filosofia básica da Educação Especial no mundo todo, tem como pressuposto preparar as pessoas para viver o mais normalmente possível na comunidade. (…) Atitudes sociais, relacionamento com estranhos, independência de locomoção, profissionalização, participação política, cidadania, tudo isso tem que ser contemplado para que o deficiente tenha alguma chance de se inserir socialmente na comunidade”.
“O obstáculo mais importante para a normalização das atitudes a respeito da sexualidade de pessoas com deficiência mental é provavelmente a noção errada de que elas são pessoas basicamente diferentes, que não têm necessidades normais, experiências normais, ou emoções humanas normais. Estas crenças têm destorcido a compreensão do seu desenvolvimento emocional e sexual, seus sentimentos e necessidades” (Symansky e Jansen, 1980).
“E este é o grande drama dos portadores de deficiências ou qualquer outro estigma: a partir do momento em que alguém é identificado (ou diagnosticado) como desviante ou anormal, todas as suas outras características ou atributos são subestimados, e ele passa a ser visto unicamente em termos da categoria estigmatizante. Ele deixa de ser uma pessoa e passa a ser apenas um exemplo do estigma”.
Os estudos que se debruçam sobre esta questão têm comprovado que “a maioria das pessoas portadoras de deficiência mental (com excepção, talvez, de alguns portadores de síndromes específicas ou os muitos prejudicados com lesões cerebrais graves) têm desenvolvimento normal – embora em alguns casos mais tardio – das características sexuais, tanto físicas, quando psicológicas (SPOD, 1988). (…) Outro facto bastante importante apontado frequentemente pelos especialistas, é que, via de regra, pessoas portadoras de deficiência mental recebem pouca informação a respeito do funcionamento do seu corpo”.
“A questão que se coloca hoje em dia não é mais se os jovens devem ou não receber uma educação sexual, mas sim quais as formas e os agentes mais adequados para transmitir estas informações”. Outras conclusões do estudos indicam que “as pessoas portadoras de deficiência são perfeitamente capazes de manter relacionamentos afectivos, e esses relacionamentos são de importância fundamental para as suas vidas”.
“Para que um indivíduo possa ser integrado socialmente ele tem que antes de tudo estar integrado consigo próprio. E a integração pessoal nos seres humanos passa inegavelmente pela aceitação e desenvolvimento pleno da sua sexualidade”.
Rosana Glat é Doutorada em Psicologia, com louvor, área de concentração em Psicologia da Cultura. Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro. Título da tese: “Não somos diferentes das outras pessoas: a vida quotidiana de mulheres com deficiência mental contada por elas mesmas”. Agosto de 1988; Ex-Directora da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Professora Adjunta da Faculdade de Educação da UERJ, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação e professora do Curso de Pedagogia na área de Educação Especial e Educação Inclusiva; Membro do Conselho Municipal de Educação do Rio de Janeiro; Consultora Ad-hoc do CNPq.Professora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Educação e do Curso de Pedagogia na área de Educação Especial, da Faculdade de Educação da UERJ; Membro do Conselho Municipal de Educação do Rio de Janeiro; Consultora
Ad-hoc do CNPq, FAPERJ e CAPEs e da Federação Nacional das APEs (Associação Pais e Amigos dos Excepcionais).
Rute Cândida de Freitas é formada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e em Pedagogia pela Universidade do Estado do Rio
de Janeiro. Tem Mestrado em Educação com área de concentração em Educação Especial também pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É directora
da Educação Superior da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Rio de Janeiro e professora da Escola de Educação da UNIGRANRIO, onde lecciona, entre
outras disciplinas, Educação Inclusiva.
Fonte: Rede Saci (http://usuario.saci.org.br/index.php?modulo=akemi¶metro=20813)
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