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Pessoa portadora de deficiência e comunicação organizacional

A judia alemã Anne Frank, um dos símbolos do holocausto, já dizia que homens e mulheres têm dentro de si um fragmento de boas notícias. A boa notícia, segundo a escritora, é que alguns seres humanos não descobriram o quanto de extraordinário eles podem ser consigo e com os outros, ou seja, muitos ainda não possuem consciência do seu potencial para amar, executar tarefas e se relacionar de forma harmônica respeitando as diferenças. 

É devido ao fato de nós, seres humanos com características diferentes, desempenharmos atividades diárias baseadas em interações que, neste Dia Mundial do Trabalho, atrevo-me a fazer analogias das idéias de Anne com as empresas que abrigam pessoas portadoras de deficiência. Nesse caso, é bem possível que você, enquanto colaborador (com ou sem limitação física, visual, auditiva, mental), também desconheça o seu potencial para desenvolver uma comunicação eficaz. E é partindo do pressuposto de que podemos ser despertados a qualquer momento para sentimentos nunca antes percebidos que pergunto: “como é possível acordar uma consciência íntima?”

Para alguns, somente Sigmund Freud explica!  Agora, o pai da psicanálise pode não explicar, nos conflitos comportamentais, o mesmo que eu defendo. E em minha opinião, para aquele “estalinho mágico” acontecer é necessário treinar o ser humano com o objetivo de estimular a sua capacidade de autoconhecimento. Muitos jovens portadores de deficiência, por exemplo, são criados pela família como seres incapazes de realizar tarefas rotineiras. Alguns deles, ao entrar no mercado de trabalho, se não incentivados, tendem a ter um comportamento defensivo. A baixa auto-estima faz com que o deficiente imagine preconceitos.

 

Mas não acredito que só a família possa avaliar antecipadamente. Colaboradores ditos “normais”, às vezes, também sentenciam.  Em reportagem sobre o mercado de trabalho e as pessoas com deficiência, veiculada numa revista aqui em Maceió (AL), entrevistei uma assistente social, chamada Ana Karyne. Ela relatou-me alguns casos de empregados, sem qualquer limitação física ou mental, que delegaram suas tarefas para colegas portadores de necessidades especiais. Por vergonha ou receio de ficarem marginalizados, as pessoas com deficiência aceitaram aquela situação por um bom tempo.

Os gestores também têm participação no processo de comunicação nas instituições. Ainda na mesma reportagem, o auxiliar em manutenção e portador de deficiência motora, chamado Cícero Izidoro, confidenciou-me situações vivenciadas no emprego. Logo ao ser contratado, ele foi aconselhado pelo gerente a evitar excessos de intimidade com alguns colaboradores da instituição. Na verdade, as fofocas, já existentes no ambiente empresarial, indicavam a possibilidade de futuros problemas de relacionamento interpessoal.

Uma organização é antes de tudo formada por pessoas de carne e osso! Gente que sente alegria e tristeza, raiva e carinho. Gente que ouve indistintamente e compreende (ou não) aquilo que escuta. Os bons relacionamentos no ambiente de trabalho podem ser estimulados através de exercícios e ações baseadas em dinâmicas de grupos. Nos exercícios é fundamental vivenciar situações de companheirismo, sempre estimulando a empatia. São atividades assim que excitam o autoconhecimento e, quem conhece a si mesmo, tem maiores possibilidades de melhorar sua relação com o próximo.

Saiba Mais:

A inclusão, sem discriminação e com igualdades de direitos, da pessoa portadora de deficiência no mercado de trabalho é hoje determinada por lei. Instituições privadas com mais de 100 funcionários deverão obrigatoriamente destinar de 2% a 5% de suas vagas para aqueles que apresentem limitações físicas, mentais, auditivas ou visuais.

Simone Brazil é Jornalista, graduada pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Atualmente, cursa pós-graduação em Comunicação Empresarial no Centro de Estudos Superiores de Maceió (Cesmac). Já desenvolveu atividades na assessoria de imprensa do Serviço Social da Indústria (Sesi/PE) e exerceu funções de supervisão e coordenação de estagiários na empresa SX Brasil Comunicação Digital. Teve reportagem publicada no livro “Desenvolvimento Infantil – uma pauta que pode mudar o futuro”, projeto organizado pela ONG pernambucana Auçuba – Comunicação e Educação e o Unicef.

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