Jhonatan da Silva tem 11 anos e mora no bairro da Iputinga, na Zona Oeste do Recife. Ele se sente excluído
Priscila da Silva, mãe de Jhonatan, 11 anos, |
porque não vai à escola como os irmãos. Ou melhor, não consegue ir à escola. O garoto sofre de paralisia cerebral e não anda. Quando estudava, há dois anos, era carregado pela mãe nos braços. Com o tempo, as dificuldades de transporte foram afastando o menino da sala de aula. Jhonatan não é exceção. O índice de evasão nas turmas especiais é de 60%. O abandono é motivado pela falta de acessibilidade aos colégios. Talvez agora uma parcela desses alunos consiga concluir o ano.
A Prefeitura do Recife lançou ontem o projeto Transporte Inclusivo, que vai beneficiar 300 estudantes com deficiência motora. A ida à escola será garantida por seis Kombis terceirizadas que farão viagens em três turnos. O ano letivo da rede recifense começa na próxima quinta-feira.
“É a primeira vez que a cidade oferece transporte aos alunos com deficiência. Os veículos vão atender as seis regiões político-administrativas da capital. Em cada viagem haverá um estagiário responsável pela acomodação dos estudantes. Será possível transportar até dez alunos por vez”, explicou a gerente de Educação Especial da Secretaria de Educação do Recife, Mércia Melo. Ela afirmou que só serão atendidos os alunos com dificuldade de locomoção, transtornos mentais e deficiência múltipla (cegos e surdos). Os responsáveis pelos alunos especiais matriculados devem entrar em contato com a direção das escolas para saber se o filho poderá ser beneficiado.
As Kombis estarão nas ruas durante os três turnos, levando e trazendo estudantes da creche ao ensino profissionalizante. No total, a rede municipal atende 2 mil crianças e jovens especiais. O investimento do Transporte Inclusivo ainda não foi divulgado. O modelo do projeto recifense já é sucesso em grandes capitais como São Paulo (SP). Lá, o índice de evasão entre as turmas especiais chegou a diminuir até 50% depois da implantação do transporte específico.
Mais sossegada com a notícia, a mãe de Jhonatan espera que o filho mais velho consiga concluir o ano letivo em 2009. “Agora a situação deve melhorar, né? É uma vitória para mim e para as outras mães de alunos especiais. Nossos filhos, assim como os outros, têm o direito a frequentar as aulas. A escola, para essas crianças especiais, é ainda mais importante. Na sala de aula, elas se sentem iguais”, opinou Priscila da Silva.
“Durante o ano letivo, uma criança com deficiência motora falta muito. Principalmente no período de chuvas. Dos 200 dias letivos determinados pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB), esses alunos só frequentam a metade deles. “Quando converso com as mães, percebo que o principal problema é a falta de transporte”, disse Mércia Melo. Além da dificuldade de locomoção própria, as responsáveis enfrentam ainda a falta de dinheiro para a condução. “Atendemos famílias pobres. Alguns pais sequer têm a quantia para a passagem de ônibus. Com o transporte gratuito, resolvemosduas situações desfavoráveis”, justificou a gerente.