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É possível deter o autismo?

Cientistas afirmam ter localizado com precisão um gene cerebral que pode acalmar as células nervosas muito irrequietas, o que potencialmente abre caminho para novas terapias para o autismo e outros distúrbios neurológicos.

“É animador porque abre uma nova perspectiva nessa área,” comenta Michael Greenberg, neurobiologista da Harvard Medical School.“Ninguém havia encontrado até agora um gene que controlasse esse processo.”

O cérebro tenta constantemente manter um equilíbrio entre a atividade exagerada e a atividade reduzida de células nervosas. Os neurologistas acreditam que quando esse equilíbrio é rompido, podem ocorrer distúrbios como o autismo e a esquizofrenia. Não se sabe com certeza por que os neurônios ─ células nervosas ─ perdem o controle. Mas Greenberg acredita que ele e seus colegas localizaram, em camundongos, um gene que ajuda a manter a atividade neural sob controle ─ e talvez um dia possa ser aproveitado para prevenir ou reverter problemas neurológicos.

Pesquisadores anunciaram na Nature a descoberta de que um gene chamado Npas4 que produz, em grande escala, uma proteína que impede os neurônios de se tornarem muito excitados ao se comunicarem entre si por meio de conexões conhecidas com sinapses. Quando essa proteína é bloqueada, os neurônios disparam mais sinais que o normal, mas quando os níveis da proteína aumentam, os neurônios se acalmam.

Gina Turrigiano, neurocientista da Brandels University, que estuda aspectos da comunicação entre neurônios, observa que o estudo de Greenberg se revela “potencialmente, um caminho bastante intrigante,” para controlar a atividade neural. Mas ela ressalta que o Npas4 pode não ser o único gene que faz isso. Camundongos sem Npas4 podem sobreviver, embora possam ser capturados mais facilmente e tenham um tempo de vida mais curto que camundongos normais.

Enquanto os cientistas aprofundam seu conhecimento sobre a forma como as células cerebrais se mantêm em equilíbrio, Greenberg acredita que serão capazes de identificar pessoas geneticamente mais propensas a sofrer distúrbios neurológicos e de desenvolver novos medicamentos para prevenção e tratamento desses pacientes.

Ele alerta para o fato de que outros genes, também afetados pelo Npas4, estão sendo associados ao autismo, mas adverte que as novas terapias resultantes de sua pesquisa “ainda têm um longo caminho a percorrer,” conclui. “Estamos apenas começando, ainda há muito por conhecer”.

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