RIO de JANEIRO

Embarque solidário para quem não precisa

As placas indicativas e avisos existem, mas o chamado embarque solidário nos terminais de ônibus, destinado exclusivamente a portadores de necessidades especiais, gestantes e idosos é utilizado principalmente por quem não precisa do serviço. Além de terem de se esforçar para pegar a condução com segurança, as pessoas com locomoção reduzida simplesmente não têm a quem reclamar. Em todos os terminais de Goiânia, o problema pode ser visto, especialmente entre as linhas de maior demanda e fluxo de passageiros. Nos horários de pico então, o problema se torna ainda mais preocupante. A aposentada Ione Alonso, 31, que teve de amputar a perna direita durante a adolescência, reclama das dificuldades para utilizar o Eixo Anhanguera. “Em horários de pico chego a esperar de três a quatro veículos para conseguir entrar em algum”, protesta. Isso acontece, explica, mesmo estando no espaço reservado a quem necessita de embarque prioritário. 

Apesar das muletas, acaba tendo que disputar espaço com homens e mulheres sem problemas físicos. Para Ione, a pior situação está nos terminais da Praça A e Padre Pelágio, o principal da região oeste da Capital, que ainda tem rampas de acesso danificadas. Por esses motivos, o coordenador de telemarketing Jorcerley Moreira, 32, que é paraplégico, preferiu adaptar o próprio veículo a ter de andar de ônibus. Para ele, o transporte coletivo de Goiânia sofreu apenas adaptações, mas não se tornou realmente acessível. 

No Terminal Praça da Bíblia, na região leste, o problema se estende até a plataforma destinada ao Eixo Anhanguera. No local destinado ao desembarque de passageiros, sobram usuários que tomam o espaço de mães com bebês no colo, idosos, e deficientes físicos, quando na verdade deveriam pegar ônibus nos pontos destinados a cada linha. Irritados com quem “fura a fila”, muitos motoristas simplesmente não param mais nestas áreas. Vão direto para o setor de embarque, causando um tumulto ainda maior, já que passageiros apressados nem sempre esperam aqueles que estão saindo dos ônibus e ainda se deparam com o veículo já lotado.

Outro dado agravante mencionado pela aposentada Adir Isabel do Nascimento, 77, é a falta de fiscais para monitorar o problema. Ontem, com muito custo e depois de alguns empurrões, conseguiu embarcar na linha 028. “Não nos sobra opção. Ou passamos por esse tipo de constrangimento ou não embarcamos.”

A Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) informou que não possui contingente de funcionários suficiente para resolver esse problema e que os fiscais mantidos nos terminais, na verdade conhecidos como apontadores, não são contratados para esse tipo de serviço. A função deles é registrar o horário de chegada e saída dos ônibus. A instituição acredita que a resolução do impasse depende da colaboração dos usuários do transporte coletivo, que precisam respeitar a prioridade de embarque para gestantes, idosos, pessoas com criança de colo e deficientes físicos. O apoio da Polícia Militar também é apontado pela Companhia como um elemento importante de apoio.

Related posts

Duas marchas pela inclusão das pessoas com deficiência em Copacabana neste domingo

Eraldo

Deficientes sofrem com “acessibilidade”

Eraldobr

Deficiente físico não paga IPVA, mesmo sem habilitação

Eraldobr

Leave a Comment