No Brasil, empresas que cumprem a lei de cotas para contratar pessoas com necessidades especiais têm descoberto muitos benefícios.
O assistente de help desk Alessandro Santana ajuda a resolver panes em computadores. Ele é cego e usa um programa que transforma informações escritas em comando de voz. “Ele apenas nos passa a informação do que está na tela para nós operarmos conforme desejamos”, explica Alessandro.
Conforme aprendeu no treinamento, igual para todos os funcionários. A experiência começou em julho do ano passado. A empresa contratou um grupo de 40 deficientes e logo ficou claro que não é preciso tratá-los de modo especial. O serviço é o mesmo. As responsabilidades são as mesmas. A avaliação é exatamente igual a dos colegas.
“Pelo menos, onde eu trabalho, eles são rigorosos igual seriam com qualquer pessoa . Não tem colher de chá não”, conta a funcionária Fátima Farias.
A lei que estipula cotas para pessoas com necessidades especiais foi criada há 17 anos, mas raramente é respeitada. Para a gerente de recursos humanos Maria de Fátima e Silva, o mercado só vai mudar quando não houver mais vaga para o preconceito. “Não existe vaga para deficiente porque deficiência não é profissão. Existe vaga para recepcionista, gerente, analista. Eu estou procurando um profissional”, ela afirma.
Por causa da Síndrome de Down, o auxiliar administrativo Diogo Junqueira só conseguiu um emprego há quatro anos, com carteira assinada. “Sinto-me honrado. O trabalho é tudo para minha vida profissional”, ele revela.
Para Edson Barbosa, também. Ele casou e comprou uma casa, tudo com o salário de piloto de simulador de tráfego aéreo. Uma carreira que a paralisia infantil não impediu de decolar. “Deu-me uma força. Me senti mais cidadão, de ter minha independência. Me sinto muito orgulhoso de trabalhar aqui”, afirma o piloto.