Pesquisadores da Unifesp, em parceria com o Hospital Albert Einstein, tiveram sucesso na obtenção de células-tronco adultas a partir de tecido ósseo extraído da tíbia (perna) e do úmero (ombro). O feito aconteceu durante cirurgias de reconstrução do ligamento cruzado anterior e reinserção do tendão supra-espinhas, respectivamente.
A conquista abre a possibilidade de formação de um banco de células para utilização futura na recomposição de ossos e cartilagens, especialmente em atletas de alto rendimento. Segundo o ortopedista Alberto Pochini, pesquisador do Centro de Traumatologia do Esporte (CETE) da Unifesp, a técnica desenvolvida tem como principal vantagem captar as células durante cirurgias realizadas nessas duas estruturas ósseas, muito comuns em atletas, seja por trauma ou por sobrecarga.
Até agora, os cientistas costumavam extrair as células-tronco do osso ilíaco (região da bacia), implicando na realização de uma cirurgia específica para esse fim e agressiva para o atleta. Como a tecnologia para reconstituição por engenharia tecidual ainda está em desenvolvimento, tal intervenção não se justificaria. Com a nova técnica, as células podem ser obtidas durante cirurgias rotineiras no meio esportivo. “Lesões do ligamento cruzado anterior do joelho são freqüentes no futebol e muitos outros esportes, assim como as cirurgias para corrigir lesões de manguito rotador têm grande ocorrência em atletas do tênis e do vôlei, que representam sobrecarga do ombro”.
A pesquisa, orientada pelo médico Moisés Cohen, docente da Unifesp e diretor do CETE, inovou também ao cultivar as células-tronco em um meio de plasma rico em plaquetas – extraído do próprio paciente – e não em soro fetal bovino, como se faz atualmente em todos os centros que cultivam células-tronco. “Por ser autólogo, o plasma causa menos reações adversas”, explica Pochini.
Desafio mundial Paralelamente, as duas instituições planejam retomar as pesquisas envolvendo a reconstituição óssea a partir de células-tronco Há três anos, a equipe obteve sucesso inicial ao utilizar células retiradas da dentina (uma estrutura básica do dente) para gerar tecido muscular.
Com o passar do tempo, no entanto, as amostras evoluíram para a forma tumoral e aquela linhagem de células foi abandonada. “Mas este é um desafio mundial e vamos continuar investigando”, garante o pesquisador.