Alunos isolados e mal atendidos. Estas são apenas algumas das reclamações feitas à Associação Mato-grossense de Deficientes (Amde) por mães de alunos com especiais necessidades educacionais matriculados na rede de ensino regular, que atualmente atende cinco mil estudantes.
“Os principais problemas enfrentados são na linha da falta de preparação dos professores e isolamento dos filhos”, aponta o presidente da Amde, Mário Lúcio Guimarães. “Os deficientes auditivos, por exemplo, reclamam que ficam cansados e são tratados como crianças nas salas de aula”, acrescenta.
As reclamações chegam até a Amde durante reuniões realizadas em bairros como o Pedra 90 e Coxipó. “Estou elaborando um documento a partir destas denúncias para encaminhar à Secretaria de Educação e ao Ministério Público”, afirmou.
Para Mário Lúcio, a educação inclusiva, que promove a entrada de alunos com deficiências visuais, auditivas, físicas ou mentais, ainda tem muito o que avançar. “Está melhorando o serviço, mas ainda não atende a demanda”, disse. “Nos bairros periféricos têm muitos profissionais com pouca qualificação ou sem vontade de trabalhar na área”, acrescenta.
Já o presidente da Associação Mato-grossense dos Cegos, Marcino Benedito de Oliveira, os deficientes visuais atualmente têm um atendimento bom, se comparado a outras deficiências, especialmente os surdos. “O deficiente visual e o físico que só depende de locomoção tem um melhor atendimento por não necessitar tanto de recursos materiais para lidar com eles. No caso do surdo, a língua brasileira de sinais é mais difícil de dominar”, observa.
Mas Mário Lúcio lembra as dificuldades que o deficiente físico enfrenta até para chegar à unidade escolar. “O Buscar tem oito carros e conta com 1.200 inscritos. Isso para trabalho, escola, médico, fisioterapia”.
Ele entende ainda que é preciso preparar melhor o aluno especial antes de colocá-lo em uma sala de ensino regular. “A criança especial só irá participar efetivamente desta inclusão se estiver alfabetizada e com condições de acompanhar os demais alunos da classe”, frisa.
Luiz (nome fictício), portador de paralisia do lado esquerdo e, Bruno (fictício), que tem déficit de atenção, são alunos da 2ª série do ensino fundamental da Escola Estadual Professora Alvira de Amorim e Silva de Educação para Jovens e Adultos (EJA), localizada no CPA II, na Capital.
Eles contam que gostam de estudar e, dentro dos seus limites, afirmam que não têm dificuldades em sala de aula e que não sofrem discriminação. “Todos somos irmãos”, diz Bruno. Porém, mesmo em poucas palavras, ele não deixa de reconhecer que é preciso avançar. “Os professores podem ajudar mais”, completou.
“Aqui na escola não admitimos tratamento diferenciado dentro da sala”, afirma a coordenadora pedagógica da unidade, Márcia Cruz, apontando as dificuldades que enfrentam, não só em sala de aula, mas também em assegurar ao deficiente o princípio da “igualdade de oportunidades”, inclusive, dentro da vertente profissional.