A falta de controle do poder público sobre o uso das rampas de acesso de cadeirantes por motociclistas é um problema em Manaus. Para evitar o trânsito, eles utilizam esse equipamento urbano, que deveria ser de uso exclusivo dos portadores de necessidades especiais, e acabam deteriorando-os. Na Compensa, zona oeste, entre as esquinas da Avenida Brasil e Rua Boreu, há um exemplo do descaso com o deficiente físico.
Uma rampa, que além de ter sido construída no final de uma tampa de bueiro, está toda danificada por servir de caminho para motociclistas. Na mesma rua, uma outra rampa foi construída entre postes.
No Conjunto Eldorado, centro-sul, o final de uma rampa de cadeirantes está tomada de lama deixada pelos pneus das motocicletas.
O vigia Wando Matos, 36, disse que após sofrer um acidente de trânsito, há 20 anos, que o deixou parcialmente paraplégico e dependente de cadeiras de rodas, percebeu a importância das rampas para o cadeirante. “Tenho muita dificuldade de usá-las porque os pontos que possuem rampas são distantes demais e, além disso, ainda sofro com as que estão quebradas”, disse.
O presidente da Associação dos Deficientes Físicos do Amazonas (Adefa), Isaac Benayon, criticou a Prefeitura Municipal de Manaus por não ter comprometimento com a Lei da Acessibilidade. “É uma falta de respeito com a lei que dá dignidade ao cidadão de ir e vir. Infelizmente, em Manaus, a legislação não é cumprida e ainda falta fiscalização com as existentes”, disse.
Segundo Benayon, muitos deficientes cadastrados na Adefa já se queixaram das quedas que sofreram devido à falta de manutenção nas rampas de acesso. “A última vez em que foi feito um nivelamento das calçadas, pelo que sei, foi em 2000”, disse.
No Amazonas, 518 mil pessoas são deficientes físicas. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em maio deste ano, apenas 2,5% das ruas de Manaus possuem rampas de acessibilidade.