Se um olhar for capaz de definir tudo, então dois momentos de dois dos personagens de As Sessões (The Sessions. Dir. Ben Lewin, 2012), o padre Brendan e o atendente oriental do hotel, traduzem o sentimento que toma conta do expectador logo depois que termina a projeção do filme: espanto. Uma história como essa, repleta de bom humor, não parece ser possível. E, no entanto, contra todos os prognósticos, recuperando a inocência de quem se alimentam com sonhos, alguém a viveu – e nela foi feliz. Não é pouco.
Baseado no artigo On seeing a sex surrogate (“Consultando uma substituta sexual”), escrito por Mark O`Brien, As Sessões conta a história de um homem que teve poliomielite na infância. Seu corpo ficou paralisado. Quer dizer, partes de seu corpo não se movem. Outras partes, bem… funcionam. E é esse o problema – ou a solução. Evidentemente, alguns detalhes precisam ser equacionados antes. O mais importante é que, para continuar vivendo, Mark (John Hawkes) precisa da ajuda de uma máquina. Fora do “pulmão de aço”, ele consegue sobreviver apenas três horas. Essa limitação, além da dependência de empregados como Rod (W. Earl Brown) e Vera (Moon Bloodgood), o deveria destruir emocionalmente. Não é o caso. Parte da tragicomédia está conectada com um fato insólito: como um bom descendente de irlandeses, Mark é católico. Daqueles que vão à missa, se confessam e ambicionam um lugar no céu.