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Com muleta, deficiente físico conclui 10 Km e comove Corrida de Reis

O exemplo de superação demonstrado pelo participante Odair, de 38 anos, comoveu torcedores, corredores e parceiros envolvidos na prova deste domingo (Foto: Leandro J. Nascimento/GLOBOESPORTE.COM)Em meio à multidão amarela que cruzava a linha de chegada da maior prova de rua do Centro-Oeste, a Corrida de Reis, um homem tornou-se exemplo de superação. Diferente dos atletas de ponta, que precisaram de pouco mais de 30 minutos para percorrerem os 10 Km entre as cidades de Várzea Grande e Cuiabá, o então desconhecido comemorou o fim de mais uma etapa sem se importar com as duas horas e quarenta e dois minutos gastas no percurso. O sentimento de emoção misturou-se às lágrimas nos olhos.

Odair Lopes, 38 anos, morador de Várzea Grande, na região metropolitana, participou da prova na categoria especial. Deficiente físico, ele mostrou que mais do que subir ao pódio, o importante é celebrar o dom da vida. A muleta foi o instrumento utilizado por ele para superar a dificuldade em andar.

O esporte mudou a vida do mato-grossense, conforme define o próprio Odair. Ele cita que em 2006 perdeu o movimento de uma das pernas após um erro médico durante procedimento cirúrgico.

– Foi em 17 de julho de 2006. Eu estava trabalhando em um domingo quando senti uma dor. Um formigamento e entrevou minhas pernas. Fui para o hospital e o médico falou que tinha que fazer uma cirurgia e cortou os nervos da minha perna – contou.

 

Odair é amparado logo após completar prova em

Cuiabá (Foto: Leandro J. Nascimento)

O problema detectado tratava-se de uma hérnia de disco.

– Era pequena e disseram que em 15 dias eu voltaria a andar normalmente. Estou há quase seis anos assim. Durante um ano e seis meses fiquei com as pernas paralisadas- , expressou.

– Como a perna paralisa mais do lado direito eu uso a bengala – frisou.

A chance do recomeço deu-se quando Odair começou um tratamento no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, especializado na reabilitação de pacientes com alguma deficiência na coordenação motora. Ao mesmo tempo em que reconquistava o movimento do membro inferior, o mato-grossense via aumentar o desejo de viver.

– Estava cheio de diagnóstico e me encaminharam para o Sarah [hospital]. Lá voltei a andar. Quatro meses que fiquei internado lá fui para a bengala. Hoje, estou firme e forte – acrescentou o participante da Corrida de Reis.

Antes do problema, Odair participou por seis anos da Corrida de Reis no pelotão geral. Mas em 2008 ele mudou para a categoria especial. Naquele ano, a prova reservaria surpresas.

– Quando fiz minha inscrição me emocionei bastante porque pensei que ia tentar uns três ou quatro quilômetros, mas insisti. Foi com persistência, caindo e levantando que consegui chegar ao fim do percurso. Aí voltei para o atletismo e não vou parar – citou.

O mato-grossense pretende ir longe participando de provas de rua. E é enfático ao afirmar isso.

– Enquanto estiver vivo vou correr – pontuou.

Recado

Se a deficiência física representa limitação, incapacidade, Odair tem um modo diferente de pensar e deixa um recado.

– Coloque objetivo na vida. Não é porque é deficiente que precisa ficar trancado dentro de casa. Temos que olhar para trás porque tem gente pior que nós. O importante é superar o desafio – concluiu.

Nos 10 Km, Odair superou além da limitação física, a elevação do percurso da Corrida de Reis, a partir do Km 4 da prova. O exemplo de Odair contagiou. Ele ultrapassou a linha de chegada rodeado de outros corredores que diminuíram o ritmo para ver passo a passo, a força de vontade do atleta.

Colocação

Odair foi o 11º colocado neste domingo na Corrida de Reis, na categoria para deficientes físicos.

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