20.4 C
Brasília
31/03/2025
ACRE

Dispositivos e aplicativos ajudam o deficiente visual a usar o computador

Engana-se quem pensa que um deficiente visual não pode usar o computador ou mexer em uma tela touchscreen, sensível ao toque. Pelo contrário, a tecnologia facilita a essas pessoas escreverem, lerem livros e até assistirem a filmes. Atualmente, diversos softwares — conhecidos como leitores de tela — transformam em áudio todo o conteúdo escrito na tela.

O professor de retórica Victor Caparica, de 30 anos, que perdeu a visão aos 22 anos em um acidente, faz uso dessas tecnologias. Ele considera o iPhone como uma espécie de “renascença para os cegos”. “A quantidade de acessibilidade que ele trouxe ajudou muito a gente. Para o deficiente visual, existem diversas opções”, conta. A habilidade com o teclado adquirida antes de perder a visão facilitou sua adaptação e, sendo fã de tecnologia, ele rapidamente se acostumou aos leitores de tela e hoje consegue montar slides, estudar, escrever, ler livros, assistir a filmes e, claro, participar das redes sociais.

“Existem diversos aplicativos feitos para os cegos e, hoje em dia, é muito mais fácil para nós usarmos a internet”, explica. Os leitores de tela leem todo o conteúdo escrito na página e os comandos são usados somente pelo teclado, excluindo por definitivo o mouse. Cada voz é diferente e a velocidade é regulável. “Depois que a pessoa se habitua, ela vai entendendo cada vez mais rápido o som e pode ir deixando a voz mais rápida. Uma hora, a gente se irrita e vai aumentando a velocidade para facilitar”, ressalta.

Mesmo na tela touchscreen, Caparica consegue saber onde os ícones estão. “A gente consegue visualizar o ambiente dentro da nossa cabeça e temos noção de espaço. Na internet não é diferente, eu crio um espaço virtual na minha mente e consigo navegar só pelo comando de voz normalmente”, confirma.

Sites sem acessibilidade

Apesar das inovações, ainda existem alguns problemas. Nem todos os sites são facilmente ‘traduzidos’ para o áudio, devido ao grande de número de imagens e também outros plug-ins que não podem ser lidos. Como, por exemplo, a confirmação de identidade, onde o internauta deve digitar os caracteres que aparecem na tela. “Apesar de existir a opção de você ouvir as letras para depois digitar, o sistema não funciona e não é usual, sou obrigado a mudar de site ou pedir ajuda de alguém”, diz Victor Caparica.

Empresa que mais evoluiu foi Apple

Os leitores de tela são compatíveis com diversas plataformas. No caso do Linux, o leitor é o Orca e vem integrado ao sistema. No Windows, existem opções variadas, porém, a maioria delas é paga. Um exemplo de leitor gratuito é o NVDA (NonVisual Desktop Access ou Acesso Não Visual ao Ambiente de Trabalho). A empresa que mais evoluiu na tecnologia assistiva é a Apple, com o sistema VoiceOver integrado, seja nos IOS (celulares, tablets e tocador de música) ou no Mac OS.

Livros, filmes, jogos e redes sociais

Para ler livros, Caparica baixa e-books em extensões .pdf ou .doc, do Word, e o leitor de telas lê o livro. “Eu deito e fico ouvindo sossegado, coloco a voz em uma velocidade rápida e consigo ler de cem a 200 páginas por dia”, explica. E para assistir a filmes, é até mais simples, tanto no notebook quanto no cinema.

“Só pelas falas e o som ambiente, a gente consegue entender o filme, com exceções das cenas de clipes, ou seja, eles tiram o som ambiente e colocam uma música, aí a gente precisa que alguém nos explique ou que tenha a audiolegenda adequada”, explica.

E quando o filme é legendado, apesar de ser fluente em inglês, ele tem a opção de colocar o leitor de telas, que lê as legendas. Caparica é fã do Twitter e usa a versão mobile e também no computador, com o Qwitter Blind Accessibility, que lê os tweets para ele. “Mesmo se eu voltasse a enxergar, eu continuaria usando esse aplicativo, ele é fantástico”, brinca ele.

O Qwitter não cria nenhuma página na tela, então, o internauta pode navegar e simplesmente usar os comandos do teclado para twittar, ler a timeline e até checar as mensagens. “Depois de um tempo, a gente aprende a identificar somente pelo áudio”, completa.

Fonte: http://www.jornalacidade.com.br/

Related posts

Advogada acometida de doença degenerativa escreve livro com o nariz

Eraldobr

ACCOR lança programa de inclusão

Eraldobr

Síndrome de Down – mitos e realidades

Eraldobr

Deixe um comentário

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Assumiremos que você está ok com isso, mas você pode optar por não participar se desejar. Aceitar Leia mais