ALAGOAS

Mulheres deficientes sem limites para o amor

Hoje é o Dia do Deficiente Físico e eu gostaria de aproveitar a oportunidade para compartilhar com vocês um texto que recebi da jornalista Vera Cristina Moreira Salles.
Muita gente pensa que a deficiência impede o relacionamento amoroso e sexual, mas isso não é verdade. Derrubando mitos e preconceitos, é cada dia maior o número de mulheres deficientes que estão saindo vitoriosas de uma luta comovente e garantindo seu direito não só de amar, mas de casar e ter filhos.
“Muitas pessoas pensam que o preconceito é coisa da nossa cabeça”, diz Célia, 26 anos, estudante de biblioteconomia, portadora de sequelas de poliomielite e que por isso usa aparelho ortopédico e bengalas. “Mas eu garanto que não é. Por exemplo, se estou sentada, não dá para perceber que sou deficiente. Perdi a conta de vezes em que rapazes me paqueraram em barzinhos. Só que, na hora em que eu me levantava, o interesse deles ia para o espaço. Só uma vez foi diferente. Quando peguei minhas bengalas o rapaz disse: ‘Continua linda! ‘ Nós ficamos juntos por dois anos”.
Engana-se quem pensa que as mulheres deficientes estejam escondidas em casa, longe do mundo e dos homens. Cada vez mais elas estão indo à luta, mesmo que não seja fácil nem agradável expor-se a julgamentos e preconceitos. “Meu namorado contou que há muito tempo estava interessado em mim, mas temia abrir o jogo. Tinha medo de me magoar, caso estivesse enganado sobre seus sentimentos. Tinha medo de me machucar durante o ato sexual ou de eu não poder fazer amor, por causa da minha deficiência. E, por último, tinha medo de falhar na hora H, justamente por causa de tantos medos”.
Felizmente para Márcia Regina, 28 anos, arquiteta, portadora de mielomeningocele (deficiência congênita também conhecida por espinha bífida, que causa limitação nos membros inferiores) e que usa cadeira de rodas, Fábio conseguiu convidá-la para um cinema. “Aos poucos, ele foi percebendo que não sou mais frágil do que a maioria das mulheres, tanto física como emocionalmente. Com carinho e diálogo, descobrimos a melhor maneira de fazer amor. Estamos juntos há três anos e pretendemos nos casar logo”, diz.
Também se imagina que uma mulher deficiente seja incapaz de tomar conta de uma casa. Maria Lúcia, 45 anos, advogada, casada, paraplégica (lesão medular que impede o movimento das pernas), que usa cadeira de rodas, lembra que, quando ela e Roberto resolveram se casar, depois de dois anos de namoro, os sogros ficaram preocupados. “Mas como você vai cozinhar, lavar, passar? Vocês não vão ganhar o suficiente para as empregadas necessárias”, disseram. Depois de oito anos de casamento e dois filhos, os temores se revelaram infundados. “Só tenho uma empregada, e isso porque trabalho fora”, diz Maria Lúcia.
Embora a desinformação leve muitas pessoas a acreditar que mulheres deficientes não podem nem devem ser mães, a maioria delas – e aqui se incluem as portadoras de sequelas de poliomielite e mesmo casos de lesão medular – é capaz tanto de sentir prazer como de gerar e ter filhos, inclusive através de parto normal.

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