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31/03/2025
ALAGOAS

Superar para avançar

Em 11 de outubro comemoramos o Dia do Deficiente Físico, data que me traz à lembrança um brasileiro que conquistou os holofotes da mídia neste último mês. O nadador paulista paraolímpico Marcelo Collet. Radicado na Bahia, completou no dia 17 de setembro a travessia de 34 km do Canal da Mancha, entre a Inglaterra e a França. O que mais chamou atenção foi o fato de Collet ter iniciado sua carreira após ter sido atropelado em Salvador-BA.
Na época, aos 17 anos, o atleta despontava como promessa do triatlo brasileiro. Depois do acidente, por força de uma lesão na perna esquerda, se viu obrigado a interromper a carreira, mas não desistiu de praticar esporte. Superando-se gradativamente, o atleta investiu na natação paraolímpica, colocando-se entre os melhores na modalidade.

Hoje, membro da seleção paraolímpica, participa das mais importantes competições internacionais. No seu currículo, além de mundiais de natação, estão dois Parapanamericanos (Mar Del Plata e Rio de Janeiro), em que conquistou quatro medalhas e duas Paraolimpíadas (Atenas e Pequim), nas quais ficou entre os oito melhores atletas da sua categoria.

Esta poderia também ser a realidade dos mais de 24 milhões de pessoas portadoras de deficiência no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Histórias como a de Marcelo Collet devem servir de inspiração para parcela tão significativa da população.

Prova disso é uma pesquisa feita pelo Ministério do Desenvol­vimento Social, abrangendo famílias atendidas pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC) por viverem em estado de pobreza, que mostra que o medo de os filhos sofrerem preconceito por não conseguirem se locomover dentro da escola ou até mesmo de não terem condições de aprender, 53% dos pais de crianças com deficiência chegam a não matriculá-los nas escolas.

Se Collet fosse pensar no preconceito, desistiria do esporte assim que foi atropelado e não teria conquistado os feitos para a natação brasileira. A dificuldade é grande, mas a Educação a Distância (EAD) pode servir como auxiliadora na propagação do ensino, permitindo que a educação seja levada para dentro das casas, evitando a exclusão educacional.

Estudo realizado em 2003 pela Fundação Getúlio Vargas, por meio do Centro de Políticas Sociais (CPS), mostrou que a taxa de abandono, no que diz respeito ao ensino, é muito mais alta entre as pessoas com algum tipo de limitação física ou sensorial, além de evidenciar que o tempo da permanência dos estudantes com restrições na escola é muito mais curto.

Diante desses dados, é de recordar o dito de Collet ao terminar a travessia no Canal da Mancha: “Estou feliz da vida, melhor impossível, mas não foi fácil. Senti frio e senti um pouco de dor na lombar. Mas consegui superar. O segredo foi traçar pequenas metas para não sentir o peso das dez horas de natação. Funcionou muito bem. Quando percebi já estava de frente para a França”.

O segredo foi traçar pequenas metas. O primeiro passo para quem quer superar os desafios é investir na educação e não desistir de seguir adiante com os sonhos. O desafio superado pelo nadador é uma prova de que os portadores de necessidades especiais podem, devem e têm condições de ir além.

A EAD tem seu papel para a democratização do saber, mas pouco adianta se as pessoas tiverem medo de se superar. Exemplos positivos estão constantemente aparecendo.

*CARLOS ALBERTO CHIARELLI é ex-Ministro da Educação, Doutor em Direito e Presidente da ACED (Associação da Cadeia Produtiva de Educação a Distância)

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