AMAZONAS

Um perfil dos que têm deficiência

Quase metade dos pernambucanos que têm algum tipo de deficiência não têm suas necessidades atendidas. Essa é a queixa de 40,5% das 1.753 pessoas com deficiências incluídas no primeiro Levantamento do Perfil Epidemiológico da Pessoa com Deficiência, realizado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). As principais reclamações são referentes à necessidade de intervenção ambulatorial (53,1%), laboratorial ou cirúrgica (26%), de órteses, próteses ou aparelhos (12,4%) e de medicamentos (7,5%).

“Essas pessoas alegam não receber tratamento adequado para todas as necessidades que sentem. Precisamos trabalhar nessa área, viabilizando o acesso tanto físico quanto à informação e capacitando os profissionais para que eles saibam lidar com esse público”, analisou a coordenadora de atenção à saúde da pessoa com deficiência da SES, Arabela Velloso. Problemas sentidos, principalmente, por aqueles que têm deficiência auditiva (45,3%) e mental (45,2%), seguidos por pessoas que apresentam deficiência visual (43%), múltipla (38,9%) e, por fim, física (35,4%).

Os dados foram extraídos de questionários aplicados em 4,4 mil domicílios, escolhidos aleatoriamente em todo o estado. Com o resultado das análises, os pesquisadores verificaram que 10,1% da amostra pesquisada (17.391 indivíduos) são pessoas com alguma deficiência. O que permitiu concluir que houve uma redução da proporção de deficientes no estado, que era de 17%, segundo o Censo do IBGE de 2000.

A pesquisa também permitiu traçar um perfil da pessoa com deficiência no estado. A deficiência mais prevalente é a visual (32,1%), seguida pela física (24,9%) e pela auditiva (24,8%). As mulheres são maioria no geral e no subgrupo dos indivíduos com deficiência visual (66,1%). Mais de 60% das 1.753 pessoas que participaram da pesquisa pertencem às classes sociais D e E. E a maior parcela (48,9%) tem entre 20 e 59 anos, seguida pela formada por pessoas com 60 anos ou mais (34,6%).

Segundo Arabela Velloso, “é durante a juventude que as pessoas adquirem com mais frequência algum tipo dedeficiência, o que justifica o fato de o número de pessoas, entre 20 e 60 anos, ser quase três vezes maior do que na faixa etária entre zero e 20 anos”. A conclusão da coordenadora de atenção à saúde da pessoa com deficiência da SES é baseada nos dados que mostram que a maioria dos pernambucanos com deficiências visuais, auditivas ou físicas adquirem a nova condição ao longo da vida, como consequência de doenças, acidentes ou violências, por exemplo. A exceção fica por conta da deficiência intelectual que, em geral, é congênita (o indivíduo já nasce com ela) ou tem causa desconhecida.

A deficiência física de Elaine Paz Rodrigues é fruto de uma distrofia muscular causada por uma doença degenerativa. Os sintomas começaram a surgir quando ela tinha 8 anos. Aos 12, não conseguia mais andar. Hoje se locomove com a ajuda de uma cadeira de rodas. Elaine tem 28 anos e é tetraplégica. Ela se enquadra no percentual de pessoas com deficiência que luta para ter suas necessidades básicas atendidas. No caso dela, a batalha é por acesso a fisioterapia e a terapia ocupacional. Mas mais que isso, ela trava uma guerra diária contra um inimigo não-paupável, mas velho conhecido de muitas pessoas com deficiência: o preconceito. “Temos a mesma capacidade das outras pessoas”, disse Elaine, que tem uma filha de 12 anos.

Saiba mais

Portadores de deficiência é quem tem impedimentos de natureza física, mental, intelectual ou sensorial permanentes, que, devido a barreiras diversas, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade

Por dentro da pesquisa

4,4 mil domicílios pesquisados

17.391 foi o universo total de pessoas incluídas no estudo

Dessas, 1.753 tinham algum tipo de deficiência. Além deles, 4 era pessoas ostomizadas com drenagem de urina e 7 eram casos de nanismos

Proporção de deficiências

32,1% visual
24,9% física
24,8% auditiva
17,4% mental
0,6% múltipla

Idade

48,9% – 20 a 59 anos
34,6% – 60 anos ou mais
10,4% – 10 a 19 anos
6,1% – 0 a 9 anos

Sexo

53,5% – feminino
46,5% – masculino

As mulheres são maioria em:

deficiência visual – 66,1%

Os homens são maioria em:

deficiência física – 51,1%
deficiência múltipla – 66,7%
mental – 57,4%
auditiva – 50,7%

Classe social

63,4% – D e E
32,5% – C
3,9% – A e B

Fonte: Secretaria Estadual de Saúde

 

Related posts

Motoristas de ônibus vivenciam problemas enfrentados por deficientes

Eraldobr

Motoristas já podem estacionar em vagas especiais no Centro

Eraldobr

Transporte escolar para alunos com deficiência

Eraldobr

Leave a Comment