Roupas desenvolvidas especialmente para pessoas com deficiência física que mesmo adaptadas para facilitar o uso no dia a dia não ficam fora da moda vista nas ruas. Foi nisso que pensou e trabalhou a professora Leny Pereira, da área de Moda do Senai de Cianorte, no Noroeste do Paraná.
Após conhecer Tiago um garoto tetraplégico, de 12 anos, a professora garantiu ao adolescente que criaria uma roupa exclusiva para ele, com facilidades que ajudariam os atos de vestir e despir. A partir daí, começava a nascer o projeto “Roupas para Pessoas com Deficiência (PcD)”.
Depois de muita pesquisa e estudos, Leny finalizou seu projeto com o desenvolvimento de uma coleção de roupas exclusivas para crianças e adolescentes com deficiência motora.
O tamanho das peças foi adaptado: um estudo chamado 4ª dimensão da modelagem, que observa o movimento do corpo, como o das articulações, foi utilizado para a criação dos moldes especiais.
As peças têm diversos detalhes que facilitam o ato de vestir, como um deslocamento de costura, recortes nas costas, acabamento de costura com “pences” mais suaves e aviamentos mais fáceis e confortáveis – como botões de plástico ao invés de ferro.
“Não existem roupas com modelagem especial para os deficientes teens que atendam a necessidade deles e que, ao mesmo tempo, sejam da moda, com cores alegres, estampas e cortes atuais”, justifica Leny. Grande parte das crianças deficientes, segundo ela, utiliza roupas de tamanho maior, com algum tipo de adaptação caseira. “Geralmente a mãe tem que improvisar, fazendo aberturas laterais para vestir com mais facilidade”, conta a professora.
O foco do projeto foi atender crianças e adolescentes com paralisia em membros superiores e inferiores, além de pessoas que passam por reabilitação pós-cirúrgica. A primeira coleção contemplou 12 peças, com vestido, calça, blusas e jaqueta.
A ideia já foi testada e aprovada. Os primeiros a terem contato com as peças foram crianças e adolescentes da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), de Cianorte. Para essa primeira prova, Leny criou uma mini-coleção com peças para festa, passeio e de ficar em casa.
Em agosto do ano passado, as peças desenvolvidas pela professora foram para as passarelas. Ela participou de um desfile no 2º Seminário Inclusão de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho, realizado em Curitiba.
PARA 2010, COLEÇÃO E GRIFE NOVAS
Premiado em concursos de inovação promovidos pelo Senai, o projeto de Leny ganhará o mercado da moda de fato. Neste ano, a professora vai lançar sua marca de roupas exclusivas para deficientes, disponibilizando as peças para quem necessita.
A “Toque de Sede”, nome da grife que acompanhará as roupas, atenderá não somente crianças e adolescentes, mas adultos também.
As pessoas poderão encontrar desde moda casual, alfaiataria, com vestidos de festa, ternos, camisas e, se houver demanda, até vestido de noiva. A loja será virtual e deve ser lançada em abril.