A lei garante a reserva de vagas no mercado de trabalho para quem é portador de necessidades especiais, mas na prática, empresas e deficientes apontam dificuldades para que a lei seja cumprida.
Geraldo dos Anjos tem a perna direita mais curta do que a direita. A deficiência física foi compensada com o uso de uma palmilha que nivela o tamanho das pernas. Ele não teve dificuldade para começar a trabalhar na adolescência.
O cobrador de ônibus de 29 anos, que já consertou geladeira e foi garçom, tem a explicação para não ficar sem emprego. ‘A capacitação supera a limitação física. Eu pretendo continuar me qualificando, cursar Psicologia e futuramente exercer’, diz.
O exemplo de Geraldo é considerado exceção pela Comissão Civil de Acessibilidade de Salvador. Ainda segundo a Comissão, 15% dos baianos tem algum tipo de deficiência física. A maioria é de baixa renda e tem dificuldade de acesso aos estudos. A baixa escolaridade tem sido uma barreira na corrida por uma vaga no mercado de trabalho. Mas não é a única.
O tipo de deficiência é outro obstáculo. Quanto mais grave, menor a chance de trabalhar. Os cadeirantes são os mais excluídos do mercado de trabalho.
O técnico em administração Wilson Cruz busca emprego há 11 anos, sem sucesso. ‘As pessoas do RH informam logo que não pode ser pessoa com deficiência em cadeira de rodas’.
‘Muitas vezes elas [as empresas] não querem adequar esses espaços para que uma pessoa que usa cadeira de rodas, por exemplo, possa se inserir. A outra é a barreira do preconceito, que é bem maior’, afirma Rosana Lago, do Comitê de Acessibilidade de Salvador.
Há 18 anos uma lei federal garante a reserva de vagas para deficientes físicos. Empresa com até 200 empregados tem que ter 2% de funcionários deficientes, percentual que chega a 5% a depender da quantidade de empregados.
Para a consultora em recursos humanos Gessi Menezes, que está selecionando pessoas com deficiência para ocupar 60 vagas oferecidas por um banco, a lei abre portas, mas não é suficiente.
‘As pessoas portadoras de necessidades especiais deveriam ter maior acesso a conhecimento, a habilidades técnicas para que eles possam competir no mercado de trabalho’.