“Queremos que a sociedade tome conhecimento das ações voltadas para os cegos que são desenvolvidas no Ceará e que conheçam mais sobre a realidade deles. Ainda tem muita criança cega que está em casa, sem estudar”, diz a diretora da instituição, Gina Paula Pereira de Mendonça.
As atividades envolvem dança, teatro e música, sempre aliadas a palestras sobre questões inerentes ao cotidiano dos cegos. Na manhã de ontem, a discussão ficou por conta da professora Naíla de Oliveira, que tratou das políticas públicas voltadas para esse público. Segundo ela, que também é cega, o Brasil é um dos países onde a legislação é mais avançada, mas ainda é necessário que as leis sejam colocadas em prática. “Nesta semana, estamos aproveitando o debate para colocar esses anseios. É preciso envolver toda a sociedade para que a inclusão aconteça na sua plenitude.”
Para a professora, ainda não há inclusão dos deficientes. “As escolas e os prédios, por exemplo, ainda não são adaptados. É preciso difundir o ensino de Libras (Língua Brasileira de Sinais) e do Braille e haver uma mudança de mentalidade. Não desprezo os avanços, mas muita coisa ainda precisa ser feita.” A supervisora da escola, Nilady Rolim, complementa a idéia de Naíla ao afirmar que os professores precisam ter noção da importância da inclusão e se capacitar para participar desse desafio. “Inclusão é mudar o pensamento, trocar idéias, buscar conhecimento e soluções. As pessoas com deficiência não podem estar à margem da realidade, têm de conhecer seus direitos.”
Mesmo com as dificuldades, Evandro Alves, 22, sente-se incluído na escola onde estuda. Ele é ex-aluno do Instituto dos Cegos, onde aprendeu o sistema braile. Cego desde os oito anos, ele conta que nunca se imaginava em uma escola grande, com muitos estudantes. “O primeiro dia foi assustador, tinha muita gente. As pessoas comentavam como seria a minha adaptação. Logo fiz o meu espaço lá, mas não foi fácil. Tive problemas para enfrentar meu medo, mas consegui me superar. Comecei a participar das atividades, toco violão e canto.”
Para ele, 90% das pessoas se envolvem na inclusão de pessoas com deficiência, mas sempre há algumas rejeições. “Não é todo mundo que tem informação. Quando encontro alguém assim, não sou grosso. Faço a pessoa compreender que ninguém é perfeito e que é preciso aceitá-las assim.”
SERVIÇO
XXIII Semana Social dos Cegos
Até o dia 19 de setembro, das 9h20min às 11 horas, na EEF Instituto dos Cegos/CAP – rua Dr. João Guilherme, 373, Antônio Bezerra. Telefones: (85) 3101 5083/3101 7826
E-Mais
A Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC) também promove até sexta-feira sua XIX Semana Social da Pessoa Cega, que marca os 66 anos da entidade. Hoje, a atração da semana fica por conta da feira cultural, que apresenta uma sala escura que simula o cotidiano dos cegos, inclusive com barreiras que dificultam a mobilidade. Nos demais dias, haverá apresentação circense, corte de cabelo e massagem, minicurso de Braille para pais e amigos das pessoas atendidas pela SAC e oficina com escoteiros. No encerramento da semana, pela manhã, será dada posse aos primeiros membros efetivos da Academia de Letras e Artes da Sociedade de Assistência aos Cegos.
O North Shopping Fortaleza participa da Semana Social da Pessoa Cega, que acontece até o dia 21 de setembro, das 14 às 18 horas, no primeiro piso. Na programação, a equipe de massoterapia da Associação de Cegos do Estado do Ceará (Acec) estará oferecendo massagens terapêuticas e relaxantes. Cada sessão dura de 15 a 20 minutos ao custo de R$ 5,00. O dinheiro arrecadado será utilizado nas atividades da associação