O Museu Théo Brandão deu inicio ao projeto “Todos os sentidos: arte e inclusão”. Trata-se de um projeto, cuja finalidade é exatamente incluir pessoas que não podem fazer uso de todos os sentidos, que têm algum tipo de deficiência, e por isso, acabam por ficar excluídas do acesso à cultura.
Idealizado pela educadora e diretora do Museu Théo Brandão, Leda Almeida, cujo doutorado é na área de educação, o projeto dará oportunidade para estudantes com deficiências diversas terem acesso ao museu. “A lógica de espaços dos museus é uma lógica que exclui, pois normalmente, nesse tipo de espaço, nada pode ser tocado, e para um deficiente visual, por exemplo, é preciso tocar para conhecer. Como educadora, eu entendo que esse projeto amplia a democratização da cultura”, explica Leda Almeida.
O projeto, coordenado por Homero Cavalcante e Maria das Graças Oliveira começou a ser planejado desde março, e a proposta é que vá até o final do ano, podendo ainda, ser prorrogado. A primeira escola a participar do projeto foi a Escola de Cegos Ciro Acioly, no dia 15 de julho.
No circuito museográfico, os estudantes puderam interagir com os objetos do museu, tocando, sentido as texturas, os volumes, as formas. Houve momentos bastante lúdicos, como o que eles comeram rapadura e depois tomaram água de pote. Para a coordenadora pedagógica da escola, Ivani de Lima Gomes, o projeto inclui e valoriza os deficientes visuais. “É um projeto de grande importância social, os estudantes ficaram maravilhados, alegres”, disse a professora.
Leda Almeida ressalta que para possibilitar o circuito museográfico com os deficientes visuais, sem comprometer as peças do museu, foi realizada uma análise criteriosa de quais objetos poderiam ser manuseados sem riscos de quebrar.
Como não são apenas deficientes visuais que serão contemplados pelo projeto, já estão agendadas a Pestalozzi, que trabalha com pessoas que têm paralisia física e cerebral, e a Família Down, cujos membros têm Síndrome de Down. Além desses, fazem parte do projeto as casas de repouso Ulisses Pernambucano, José Lopes e Miguel Couto, que trabalham com doentes mentais, a ADEFAL, que atende a deficientes físicos, a AAPPE (Associação dos Amigos e Pais de Pessoas Especiais) e o Centro de Atividades Especiais Lourdinha Vieira, que também atendem aos que têm Síndrome de Down.
A cada 15 dias, o museu receberá um grupo diferente. A próxima visita será no dia 1º de agosto, momento em que o Grupo Pestalozzi irá participar de uma oficina para aprender a confeccionar o chapéu de guerreiro. O projeto ainda inclui oficinas de dança e pintura, com artistas que aceitaram trabalhar no projeto gratuitamente, como é o caso de Maria Amélia, Dalton Costa, Gil Lopes, José Carlos e Sales.