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Vinte e cinco pessoas com deficiências vão disputar os Regionais

Eu corro atrás dos meus objetivos e enxergo um caminho no qual posso vencer os obstáculos". A declaração otimista é de Valmir de Lima, 25, deficiente visual que integra a delegação de Pessoas Portadoras de Deficiências (PPD) na 51ª edição dos Jogos Regionais, que acontecem a partir desta segunda-feira (16) – abertura oficial – até o próximo dia 29, em São Manuel. Lima é um dos 25 atletas de PPD, da faixa etária de 16 a 45 anos, que vão competir e representar Piracicaba, no próximo dia 21, nas modalidades de atletismo e natação.

A idéia de competir na categoria 100 metros em atletismo surgiu após Lima ter participado das Olimpíadas do projeto Clarear, mantido pela Prefeitura e que oferece atividades físicas e fisioterapia para portadores de deficiências. Lima participou e viu que apesar de não ter visão – às vezes, ele diz enxergar apenas vultos – era possível correr, com o auxílio de um atleta para guiá-lo.

Há sete meses, Lima começou a caminhar para melhorar o condicionamento físico. Com o acelerar dos passos, descobriu que apesar de não ver o que está a sua frente ou ao lado, um cordão de cerca de 40 centímetros, com uma ponta amarrada em seu dedo e a outra no dedo do atleta que vai ao seu lado, daria para correr atrás de algo até então impensado por ele: o atletismo para deficientes. "Minha família ficou preocupada, pensava como um cego poderia correr. Mas eu gosto de vencer desafios", conta.

Valmir nasceu com má formação das pupilas e perdeu a visão, totalmente, aos 18 anos de idade. "Dormir enxergando e acordar não vendo nada foi triste, mas superei", relembra. Para ele, mais difícil que ter fôlego para correr os 100 metros é se manter em linha reta, movimentando os braços. "Eu me esforço a cada treino para vencer as dificuldades. Hoje, estou fazendo até natação", relata.

Para ir aos treinos, Lima tem o apoio da Associação de Assistência aos Portadores de Necessidades Especiais (Avistar), onde faz aulas de mosaico e informática. Segundo Reinaldo Canciliero, tesoureiro da Avistar, a entidade faz o transporte em uma Kombi de dois atendidos que vão disputar os Regionais.

Preparação

Dos 37 inscritos na categoria PPD, revela Clevis Spada, chefe do setor de Atividades Motoras da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras (Selam), 25 atletas especiais – deficientes físicos e visuais – foram selecionados pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro, nos dias 7 e 8 deste mês. "Eles foram classificados por deficiências, para que possam competir com pessoas do mesmo nível de deficiências", explica.

Todos os PPD que vão disputar atletismo nos Jogos Regionais, detalha Spada, competem com "atleta guia" ao lado. O guia usa colete laranja com o nome da cidade que está representando e corre numa distância máxima de 50 centímetros do atleta PPD. "Mas o guia não pode puxar o atleta e precisa soltar a cordinha que fica amarrada no dedo, quando estiver próximo à chegada para que o PPD passe sozinho", enfatiza.

O entrosamento entre guia e atleta, destaca Spada, é fundamental para o bom resultado dos treinos. O guia precisa acompanhar o ritmo do portador de deficiência e para isso, quanto menor a distância da corda amarrada no dedo deles, melhor o resultado. Com o tempo, depois de obtida a sintonia, a distância passa a ser maior. "O guia direciona o atleta pela voz e o ensina a andar em linha reta, a ter noção do espaço e a correr dentro da raia", completa.

No caso de Lima e de outros deficientes visuais, exemplifica Spada, é trabalhada a movimentação dos braços e postura corporal, para que possam obter bons resultados como qualquer outro atleta. Entre as correções posturais, destacam-se a elevação da cabeça e o relaxamento dos ombros. "Eles costumam ficar com a cabeça baixa, pelo fato de não enxergar e usar a audição como noção do espaço. A postura do Valmir (Lima) melhorou muito depois que ele começou a fazer atletismo", garante.

Para que possam competir, os atletas PPD têm de treinar por mais de seis meses seguidos e contam com preparação física. Ana Maria Ballassini, professora de educação física e fisioterapeuta, trabalha a locomoção dos deficientes, de acordo com suas capacidades. Ela conta que Lima começou a caminhar duas vezes por semana e que agora, corre meia hora por dia. Lima faz 100 metros em 16 segundos, sendo que a exigência para a prova é de 20 segundos e deve conquistar medalha de prata ou bronze.

Equipes

A delegação piracicabana tem 479 atletas e dirigentes e as equipes começam a viajar para a 51ª edição da competição nesta terça-feira (17). Na primeira turma, seguem as equipes de basquete feminino e masculino, damas, futsal masculino e feminino, ginástica artística masculina e feminina, karatê masculino e feminino, malha, tênis masculino e feminino e vôlei de praia masculino e feminino.

Na quinta-feira (19), segue para São Manuel, a equipe de Ginástica Rítmica e na sexta-feira (20), partem as equipes de tênis de mesa masculino e feminino, atletismo masculino, feminino e PPD, biribol e judô masculino e feminino. No sábado (21), partem as equipes de futebol feminino e masculino, bocha, handebol feminino e masculino, voleibol masculino e feminino.

No dia 22, seguem as equipes de taekwondo masculino e feminino, xadrez masculino e feminino. No dia 23, será a vez do ciclismo masculino e feminino e no dia 24, seguem as equipes de capoeira feminino e masculino, natação masculino, feminino e PPD.

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