Professores de 3.152 escolas públicas de todos os estados e do Distrito Federal contam agora com um novo instrumento para ajudar na alfabetização de alunos com deficiência auditiva. Este ano, o Ministério da Educação (MEC) distribuiu 16,5 mil exemplares da publicação Alfabetização e Projetos, da Coleção Trocando Idéias, o primeiro livro didático brasileiro elaborado para atender as necessidades de estudantes surdos em alfabetização, com conteúdo em língua brasileira de sinais (libras).
Destinada a estudantes da primeira série do ensino fundamental, a publicação é composta de duas partes: uma impressa, que é igual à destinada a estudantes não-surdos, e outra digital, um cd-rom específico para alunos com deficiência auditiva. Quando o aluno clica num ícone de televisão que vem na frente cada título, atividade ou questão em português, abre-se uma janela em que um intérprete de libras apresenta o conteúdo.
A distribuição do livro faz parte do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC). A assessora técnica da Secretaria Nacional de Educação Especial do MEC, Marlene de Oliveira Gotti, destacou que o objetivo é permitir que alunos surdos tenham acesso à educação, em igualdade de condições com os não-surdos.
"Na primeira série, as crianças surdas não têm facilidade de acompanhar as aulas junto com as demais crianças, porque as demais, mesmo que não saibam ler, o professor está falando e dando comandos para a utilização do livro didático. E esses comandos que os professores dão em sala de aula, as crianças surdas não conseguem acompanhar, então, isso dificulta o acesso à educação", observou.
A própria legislação brasileira, lembrou Gotti, recomenda que o aluno surdo deve ter acesso à educação por meio da língua portuguesa e da libras. "A língua portuguesa impressa estará no livro, e o comando oral, que seria dado pelo professor, será dado em libras para as crianças", explicou Marlene Gotti.
Segundo ela, receberam os livros todas as escolas que no ano passado informaram ter alunos surdos matriculados na alfabetização. "Como a gente segue o censo escolar do ano de 2006, não temos os dados de 2007. Pode acontecer de alguma escola ter alunos que não estavam inscritos no ano passado, e elas poderão encaminhar ao MEC o pedido", disse a assessora.
O Fluminense