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05/02/2025
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21 de setembro, Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiências.

Para marcar a data, o SESC Catanduva realiza, até sexta-feira, uma série de atividades com o tema ‘O Esporte Como Ferramenta de Inclusão’. A semana comemorativa foi aberta na última sexta com a palestra ‘Inclusão, Cão Guia, Áudio Games’, ministrada pelo membro da Comissão de Comunicação e Relações Institucionais da Organização Nacional dos Cegos do Brasil (ONCB) e membro fundador da Áudio Games Brasil, Beto Pereira.

Na terça-feira, 22, haverá bate-papo com o tema ‘O Esporte Como Ferramenta de Inclusão Social’, com a presença do atleta paraolímpico Paulo César dos Santos (Jatobá), Ana Tércia Soares e de alunos do projeto Incorporando as Diferenças.

O mediador será o professor Francisco Rodrigues Neto.
Para a quarta-feira, está prevista a palestra ‘Inclusão Social da Pessoa com Deficiência Visual’, com a professora mestre da Fundação Padre Albino, Luciana Cione Basto. Também estão previstas atividades como voleibol sentado, que será praticado por pessoas com deficiência física, com o professor especialista Francisco Rodrigues Neto, e basquete sobre rodas, com equipe de CAD, de São José do Rio Preto.

A semana temática é uma realização do SESC Catanduva em parceria com a Coordenadoria de Esportes, Lazer e Turismo (CELT) e o Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência (CMDCD).

VIDA DURA

Quem entende bem das lutas que os deficientes físicos têm que travar todos os dias é a médica Cleonice Lahoz. Aos 58 anos de idade, ela demonstra certa descrença com relação à possibilidade de ver mudanças positivas por parte da sociedade no trato com as pessoas portadoras de alguma deficiência. “São muitos obstáculos a serem superados todos os dias e você vai ficando descrente porque, para tudo, tem que lutar.

Lutar na Justiça para garantir o cumprimento de direitos que a constituição te assegura, quando o próprio cumprimento parece algo que deveria ser tão óbvio, mas não é”, desabafa. Vítima de sequelas da poliomielite, adquirida aos 6 anos de idade, Cleonice conta que, desde o período escolar, passou a enfrentar dificuldades impostas não apenas pela limitação física, mas principalmente pela forma como a sociedade lida com a questão da deficiência.

“Para que você tenha uma ideia, faz dois anos que eu atendo no posto de saúde e até hoje não colocaram piso antiderrapante. Outro problema que enfrentei durante muitos e muitos anos foi no Hospital Padre Albino, onde eles passavam cera nos corredores em grande quantidade. Então, além da discriminação e do preconceito, que já têm muito peso, temos que lidar com a indiferença dos outros e a resistência total às mudanças necessárias para garantir a acessibilidade a todos”, explica a médica.

Para ela, o termo acessibilidade, em moda nos últimos tempos, está muito distante da prática. “Acho que levaremos um cem anos para colocar todo nosso estatuto na prática. Porque se as mudanças não existem, quando existem ainda estão muito cruas. O quê adianta existir uma rampinha se vem um normalzinho e pára o carro em frente à rampinha? Isso sem contar as vezes que o normalzinho pára nas vagas destinadas aos deficientes”, exemplifica.

Segundo Cleonice, a falta de respeito e de informação é tanta que chega a surpreender. “No dia-a-dia, além do uso de cera, que é bastante comum, e dos pisos que são naturalmente escorregadios, você se depara com coisas absurdas como rampas que terminam com um degrau ou mesmo com vagas para deficientes circundadas com correntes.

No Carrefour, em Rio Preto, é assim. Isso significa que você não pode ir ao supermercado sozinha, porque, se existe uma corrente, você precisa levar alguém para tirar a corrente para você poder parar o carro. Eles criam essa dependência”, comenta.

Quando começa a falar dos obstáculos, a médica se emociona. “Eu sei o quanto me custou conseguir tudo o que eu consegui na vida. Às vezes, as pessoas me abordam e falam isso: ‘nossa, você conseguiu chegar até aqui’… Mas só eu sei o quanto me custou. Passa da perseverança. Chega a ser teimosia. Teimosia por impor uma situação rotineiramente”, diz.

Para Cleonice, existem muitos lugares no mundo onde o deficiente físico não precisa passar por tantos enfrentamentos. “No Brasil, a melhor referência que temos é Curitiba. Mas no mundo, há lugares onde essa inclusão já é natural, e não um fenômeno, como em países da Europa e no Canadá”, destaca.

Para buscar contribuir na luta pelos direitos dos deficientes, a médica tentou entrar para a política. “Essa era uma das minhas causas, não só no campo da acessibilidade, mas também para fazer valer os direitos, pois os deficientes não têm retaguarda jurídica”, comenta.

Apesar de afirmar que anda descrente das mudanças em curto prazo, ela afirma que tem esperança de que as pessoas tenham a iluminação de olhar e avaliar os diferentes. “Tenho a esperança de que as pessoas tenham uma visão das necessidades do próximo e que se comprometam com as causas alheias.

Nós acompanhamos evoluções em tantas áreas, tecnológicas, científicas e etc, mas não acompanhamos a evolução espiritual do homem. O tempo passa e ele continua mesquinho, pequenininho, sem enxergar o outro. Não faz nada pelo próximo e, quando faz um pouquinho que seja, fica envaidecido, como se fosse um super-herói. Nós não precisamos disso.

Precisamos que as pessoas que nos olham se sensibilizem e façam alguma coisa. Mas ninguém vê nada e nem fala nada. Talvez, se falássemos mais, quem sabe uma semente germinaria e começaria a mudança. Quem sabe…”, finaliza Cleonice.

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