Segundo dados do IBGE, existem hoje no Brasil 24,5 milhões de pessoas com deficiência. E deste universo, cerca de 1,5 milhão vivem na cidade de São Paulo. Esses números dão uma ideia da importância do lançamento do curta -metragem De Boca em Boca no Centro Cultural São Paulo, que tem como objetivo promover a reflexão e uma mudança de comportamento na população brasileira. Realizar ações assertivas, quando se trata de promover a acessibilidade da cultura, nem sempre é muito simples.
É por esta razão que a ONG Vez da Voz lança na Sala Lima Barreto do CCSP, 21/09 (qua.), às 15h, o curta-metragem De boca em Boca, que enfoca as dificuldades e as possibilidades de inclusão da pessoa com deficiência em diversas atividades cotidianas, além de instigar a população a se colocar no lugar dos deficientes e pessoas que têm mobilidade reduzida.
Popularizar a utilização de ferramentas de inclusão e acesso aos bens culturais é um dos objetivos principais do CCSP, que além da biblioteca Louis Braille,voltada para cegos, oferece aos deficientes visuais uma estrutura totalmente equipada e adaptada a eles: mapas táteis que permitem a orientação espacial em todos os acessos e andares, computadores adaptados, cursos voltados à linguagem braile para funcionários do CCSP, sistema de audiodescrição de filmes, peças teatrais, contação de histórias para crianças surdas, entre outras atividades, são apenas alguns exemplos de atividadedes que integram o programa de acessibilidade do CCSP.
“Nossa intenção é fazer com que as pessoas coloquem a cidadania em prática e se preparem para lidar com o diferente. Conseguir produzir esse curta, que poderá ser assistido por pessoas surdas, cegas e sem deficiência “aparente”
é uma grande realização e mostra que é possível fazer uma comunicação para todos”, afirma Cláudia Cotes, presidente da ONG Vez da Voz. O filme foi produzido em 2010 pela Vez da Voz em parceria com a Inclusiva Filmes por uma equipe de 14 voluntários com e sem deficiência. Foi gravado nas ruas de São Paulo, sem nenhum tipo de apoio ou patrocínio e é também voltado para o público em geral.
LINK do Filme
Recursos de Acessibilidade que constam no curta Boca a Boca:
Audiodescrição: é uma narração objetiva das imagens visuais que aparecem nas cenas de uma novela, documentário, matéria, filme, e que não estão contidas nos diálogos. São descritas expressões faciais e corporais que comuniquem algo, informações sobre o ambiente, figurinos, efeitos especiais, mudanças de tempo e espaço, além da leitura de créditos, títulos e qualquer informação escrita na tela. O recurso é voltado às pessoas com deficiência visual.
Legenda: reproduz por escrito as falas dos apresentadores e de personagens de novelas, filmes, desenhos animados bem como sobre o ambiente da cena ao descrever indicações de sons como portas se abrindo, aplausos, trovões e até trilhas sonoras. Este recurso promove o acesso à informação não só aos surdos, que não compreendem a Língua de Sinais, mas também aos idosos com perda de audição.
LIBRAS: possui estrutura gramatical própria. Os sinais são formados por meio da combinação de formas e de movimentos das mãos e de pontos de referência no corpo ou no espaço. As línguas de sinais não são universais, cada país possui a sua. O recurso é voltado para surdos.
ONG Vez da Voz
Criada em 2004, a Vez da Voz é uma OSCIP que luta pela inclusão da pessoa com deficiência. No Brasil, 24 milhões de pessoas precisam de acessibilidade em diferentes áreas, inclusive na comunicação.Com representantes em São Paulo e Campinas, a Vez da Voz é formada por profissionais com e sem deficiência. São jornalistas, fonoaudióloga, psicóloga, pedagoga, estudantes, artistas, intérpretes e assessores da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), audiodescritora, editor, cinegrafista e webdesigner, que criam formatos inclusivos para a mídia. As ações da Vez da Voz são variadas e focam a comunicação, a informação e o adequado atendimento às pessoas com deficiência. Dentre as ações desenvolvidas estão a produção de vídeos inclusivos (com narração, Língua de Sinais, legenda e audiodescrição), a elaboração de materiais educativos, oferecimento de palestras, cursos e treinamentos em empresas, além de apresentações artísticas. A Vez da Voz também produz o primeiro telejornal inclusivo da internet e da Televisão
Brasileira: o Telelibras, que mostra a diversidade racial entre os jornalistas, tem intérpretes de LIBRAS ao lado do apresentador e ainda conta com uma equipe de repórteres com deficiência. Todos informam o que acontece no Brasil e no mundo. É voltado para o público surdo, que pouco entende a Língua Portuguesa e se comunica em LIBRAS, uma língua que não é universal, e que tem uma estrutura gramatical própria.
A Vez da Voz existe para dar voz para quem não tem vez. Na internet, os vídeos são semanais e gratuitos para download.
Mais informações: www.apsique.com.br
Serviço
De Boca em Boca: um filme para todo mundo Curta-metragem com áudio, legenda, tradução em LIBRAS (Língura Brasileira de
Sinais) e Audiodescrição
Trailer: <http://vimeo.com/28994927>
21/set (quarta) às 15h. Grátis. Sinopse: o filme é uma reflexão voltada ao público geral sobre as dificuldades e possibilidades de inclusão das pessoas com deficiência. Direção: Cláudia Cotes Duração: 15 minutos. Livre.
Participação de pessoas com deficiência: Ariel de Lucena (Down), Elisângelo Santos (cego), Adelino Ozores (tetraplégico), Paullo Vieira, Eduardo Parisi e Laila Sankari (surdos). Interpretação de Libras: Fabiano
Campos.Audiodescrição: Bell Machado. Legendagem: Cláudia Gonzalez Serviço – Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso) Informações ao público: 3397-4002www.centrocultural.sp.gov.br Sala Lima Barreto (100 lugares) – acesso para cadeirantes *Entrada:Grátis
bilheteria informatizada
A empresa Ingresso rápido, a partir de abril, prestará serviços de gerenciamento nas bilheterias das Salas de espetáculos do Centro Cultural São Paulo.
O horário de funcionamento da bilheteria passa a ser de terça a domingo, das 10h às 22h. Os ingressos também poderão ser adquiridos pelo tel. 4003-2050, ou pela internet, no sitehttp://ingressorapido.com.br/Local.aspx?ID=1474
(neste link estarão disponíveis todos os eventos do CCSP).
É importante saber que os ingressos com entrada franca, cinema (R$1,00) e preços populares serão retirados somente na bilheteria do Centro Cultural (Ingresso rápido), durante a semana do respectivo evento. A entrega/venda de ingressos para o público nestes casos será limitada por dois ingressos por pessoa. Já as atividades que antes não necessitavam de retirada de ingressos, continuam com entrada direta na sala.
Centro Cultural São Paulo e Acessibilidade
O CCSP já instalou mais de 400 metros lineares de piso tátil em seus espaços públicos, sua administração e espaços técnicos, bem como reformou banheiros, adaptando-os para pessoas com deficiência. Também foram instalados telefones públicos adaptados para deficientes físicos e auditivos, localizados no Piso Flávio de Carvalho.
O site do CCSP tornou-se mais acessível aos deficientes visuais com a eliminação de obstáculos que dificultavam a navegação. Como referência para essas modificações foram utilizadas as regras do WCAG e E-GOV, parâmetros de acessibilidade na web definidos pelo governo. No site, é possível acessar o programa Braille Acontece, produzido pela Rádio Web, que enfoca o dia-a-dia de pessoas com deficiência. Os entrevistados que já passaram pelo programa, como músicos, advogados e agentes de polícia, revelam como superaram a deficiência para se destacarem na vida profissional e pessoal.
http://www.centrocultural.sp.gov.br/acessibilidade/
Mapas táteis em todos os acessos e andares permitem a orientação espacial das pessoas com deficiência visual, sinalizando os principais serviços do CCSP. Além da parceria com a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, o CCSP contou com o apoio de várias entidades, como a Fundação Dorina Nowill, Instituto Vivo e Laramara – Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual.
BIBLIOTECA LOUIS BRAILLE – HISTÓRICO
A então Biblioteca Braille, idealizada por Dorina Gouvêa Nowill, foi inaugurada em 29 de abril de 1947 e criada pela necessidade de se transcrever para o sistema braille, os livros de histórias infantis que compunham o acervo da Biblioteca Infanto-Juvenil Monteiro Lobato. Na ocasião, foi a primeira vez em São Paulo que crianças cegas tiveram a oportunidade de conhecer uma biblioteca.À medida em que as necessidades desse público infantil cresceram, a Biblioteca também foi ampliando seus serviços, passando a transcrever, para o Sistema Braille, obras didáticas para que o estudante portador de deficiência visual pudesse acompanhar os currículos escolares. Paralelamente, eram transcritos livros de literatura para também atender à solicitação dos adultos que passaram a freqüentar a Biblioteca.
Em 1986, essa Biblioteca é transferida para o Centro Cultural São Paulo como uma das coleções especiais da Divisão de Bibliotecas. Livros didáticos, técnicos, literários, infanto-juvenis e alguns periódicos fazem parte do acervo da Biblioteca Braille do CCSP.
Sua coleção, a maior do gênero no país, conta com um acervo de aproximadamente 6.800 obras. A biblioteca igualmente atua como editora, produzindo livros em braille e livros falados, possui computadores com acesso à internet equipados com software de leitura de tela (Home Page
Reader) e ainda conta com setores de processamento técnico, encadernação, transcrição de livros em tinta para o braille e informática.
Todo o acervo está disponível para empréstimo dos interessados, até mesmo dos residentes em outros estados, que podem ser atendidos pelo serviço de remessa postal. Os usuários contam com acompanhamento dos bibliotecários, auxílio à pesquisa e atividades culturais, desenvolvidas periodicamente.
A Biblioteca Louis Braille é hoje um espaço para a busca do conhecimento, convívio social, interação entre usuários, intercâmbio de idéias, reunião de grupos de estudo e lazer. Por ser um local onde se acumulam experiências relativas à problemática da cegueira, a Biblioteca é constantemente consultada por profissionais das áreas de biblioteconomia, educação e saúde ou entidades que a ela recorrem como modelo de estrutura organizacional.
A biblioteca atua como editora, produzindo livros em braille e livros falados. Os usuários contam com acompanhamento dos bibliotecários,auxílio à pesquisa e atividades culturais, desenvolvidas periodicamente, como exposições epalestras. A Biblioteca Braille também possui computadores, doados pela IBM, e adaptados para que os deficientes visuais tenham acesso à internet. Todo acervo está disponível para empréstimo dos interessados, até mesmo dos residentes em outros estados, que podem ser atendidos pelo serviço de remessa postal.
É importante destacar que a Biblioteca Louis Braille empresta, sem ônus, exemplares para leitores de todo Brasil e de outros países por meio do cecograma (tarifa grátis do correio).
Tecnologia
Em uma parceria inédita, a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida adquiriu para o Centro Cultural São Paulo materiais e equipamentos de tecnologia assistiva que permitirão aos usuários o acesso a toda programação e oferta de serviços da instituição. Foram adquiridos, entre outros, a Linha Braille – periférico de computador para leitura em Braille de arquivos digitais; software Jaws, leitor de tela de fala sintetizada para uso do sistema Windows, aplicativos e Internet; de leitura das obras do acervo das bibliotecas; e restauro de 34 máquinas Braille, que serão disponibilizadas princisoftware Openbook, utilizado para conversão em áudio (fala sintetizada) de conteúdos digitalizados; lupa eletrônica para ampliação palmente na oferta de cursos voltados a linguagem Braille. O atendimento do público deficiente visual será ampliado com a aquisição de equipamento de tradução simultânea, um sistema de audiodescrição de filmes, peças teatrais ou eventos de dança, apresentados nas salas de espetáculos do Centro Cultural.
SERVIÇO:
Biblioteca Louis Braille
Dias e horários de funcionamento: terça a sexta, das 10h às 19h, sábados e feriados, das 10h às 17h Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso Informações ao público: 3397-4088/4002
e-mail: bibliotecaccsp@prefeitura.sp.gov.br
www.centrocultural.sp.gov.br
Braille Acontece:programa da Biblioteca Louis Braille transmitido pelo site do CCSP:<http://www.centrocultural.sp.gov.br/index.htm> , onde são apresentas entrevistas com pessoas portadoras de deficiência.Além da Biblioteca Louis Braille, a Divisão de Bibliotecas do CCSP é composta pela Bibliotecas Sérgio Milliet, Alfredo Volpi e Gibiteca Henfil.
Atenção-Em conformidade com a Portaria nº 66/SMC/007, informamos a todos que será concedido desconto de 50% (cinqüenta por cento) aos portadores de deficiência, em todos os eventos de natureza artística ou cultural em cartaz no CCSP.
Porém, para a obtenção do desconto será exigida a apresentação do “Bilhete Único – Passageiros Especiais”, emitido pela SPTrans e de documento de identidade com foto.Para moradores de outras cidades que não possuam o “Bilhete Único – Passageiros Especiais” será exigida a apresentação de declaração médica atestando a deficiência.
Louis Braille
Em 1825 o jovem francês Louis Braille apresentou a primeira versão do seu sistema de escrita e leitura em relevo para a utilização da pessoa cega.
Baseado na combinação de seis pontos dispostos em duas colunas de três pontos o Sistema Braille permite a formação de 63 caracteres diferentes, que representam as letras do alfabeto, números, simbologia aritmética, musicográfica e, recentemente, da informática. Esse sistema se adapta a leitura tátil, pois os pontos em relevos devem obedecer à medidas padrão, e a dimensão da cela braille deve corresponder à unidade de percepção da ponta dos dedos.Natural de Coupvray, pequena aldeia a leste de Paris, Louis Braille nasceu em 4 de janeiro de 1809. Ficou cego em 1812, aos três anos, após se acidentar na oficina do pai. Ao tentar perfurar um pedaço de couro com uma sovela, aproximou-a do rosto, e acabou por ferir o olho esquerdo. A infecção se expandiu e atingiu o outro olho, deixando-o completamente cego.
Para desenvolver um sistema de leitura e escrita para pessoas cegas, ele utilizou como base o sistema de Barbier, utilizado para a comunicação noturna entre os soldados do exército francês. Em 1837, Louis Braille apresentou a versão final do sistema que, embora tenha levado algumas décadas para ser aceito na França, antes do final do século XIX já havia se difundido pela Europa e por outras partes do mundo. Sistema Braille: é um sistema de leitura para cegos por meio do tato, criado pelo francês Louis Braille, que perdeu a visão aos 3 anos de idade. Braille apresentou a primeira versão do seu sistema de escrita e leitura com pontos em relevo para a utilização do deficiente visual em 1825. Sua escrita é baseada na combinação de 6 pontos, dispostos em duas colunas de 3 pontos, que permite a formação de 63 caracteres diferentes que representam as letras do alfabeto, números, simbologia aritmética, fonética, musicográfica e informática. O Sistema Braille deu acesso às pessoas cegas ao conhecimento científico, literário, filosófico, tecnológico e, acima de tudo, a inclusão na sociedade.
O código Braille
Audiodescrição – recurso de acessibilidade para a inclusão cultural das pessoas com deficiência visual
A diretoria do CCSP está treinando alguns funcionários para terem conhecimento deste recurso e está incluindo em sua programação atividades para deficientes visuais e surdos
“A audiodescrição é um recurso de acessibilidade que permite que as pessoas com deficiência visual possam assistir e entender melhor filmes, peças de teatro, programas de TV, exposições, mostras, musicais, óperas e outros, ouvindo o que pode ser visto. É a arte de transformar aquilo que é visto no que é ouvido, o que abre muitas janelas para o mundo para as pessoas com deficiência visual. Com este recurso, é possível conhecer cenários, figurinos, expressões faciais, linguagem corporal, entrada e saída de personagens de cena, bem como outros tipos de ação, utilizados em televisão, cinema, teatro, museus e exposições.
Desta forma, as pessoas com deficiência visual poderão freqüentar sessões de cinema, ir ao teatro e a outros espetáculos, visitar museus, exposições e mostras, atividades que, geralmente, não fazem parte do cotidiano destas pessoas; em primeiro lugar porque são artes que exploram os recursos visuais tanto na cenografia como na caracterização dos personagens e da época. Em segundo, porque a sociedade, em geral, impede o acesso das pessoas com deficiência a determinados espaços, confinando-os a conviver com seus pares, em espaços especialmente destinados a eles, como as escolas especiais. Ainda é pequeno o número de ações que visam possibilitar o acesso das pessoas com deficiência a todas atividades da vida diária, incluindo aqui as atividades sociais e culturais.
A audiodescrição traz a formalidade para algo que era, anteriormente, feito informalmente, graças à sensibilidade e boa vontade de alguns. Isso acontece e acontecia quando as pessoas com deficiência visual, mais curiosas, começavam a fazer perguntas, tirar dúvidas, durante o filme, peças de teatro e outros tipos de espetáculo. Entretanto, nem todas as pessoas que os acompanham estão preparadas para prestar esse tipo de serviço, e, além disso, essas pessoas também querem assistir o filme ou espetáculo e, ter que dar informações adicionais, pode fazer com que a pessoa perca o fio da meada, deixe de entender determinadas coisas e cenas. Como uma atividade formal, ligada às artes visuais e ao entretenimento, entretanto, é algo bem mais recente, tendo início nos anos 80 nos Estados Unidos e Inglaterra.
Nos Estados Unidos, teve início em 1981, em Washington DC, no Arena Stage Theater, como resultado do trabalho de Margaret e Cody Pfanstiehl. Eles fundaram um serviço de audiodescrição que promoveu a descrição de peças de teatro e até o final dos anos 80, mas de 50 casas de espetáculo já tinham em sua programação algumas apresentações com descrição.
Na Inglaterra, essa prática data também dos anos 80, tendo início em um pequeno teatro chamado Robin Hood, em Averham, Nottinghamshire, onde as primeiras peças foram narradas. Um dos mantenedores do teatro, Norman King, ficou tão impressionado com os benefícios das descrições, que incentivou a Companhia de Teatro Real de Windsor a introduzir esse serviço em uma abrangência maior. Instalaram, então, o equipamento para a transmissão simultânea para a audiência no Teatro Real, em fevereiro de 1988, com a peça “Stepping Out”. Hoje, há 40 teatros no Reino Unido que oferecem, regularmente, apresentações com audiodescrição. É o país líder nesse setor, seguido pela França, com 5 teatros.
No Brasil, a primeira peça comercial a contar com o recurso de audiodescrição foi “O Andaime”, no Teatro Vivo, em março 2007. A segunda peça com audiodescrição, “A Graça da Vida”, estreiou em junho do mesmo ano, também no Teatro Vivo. O teatro dispõe de aparelhos de tradução simultânea e a audiodescrição é feita pelos voluntários do Instituto Vivo. O projeto de inclusão cultural, que deu origem a este trabalho, foi elaborado por mim e por Isabela Abreu, ambas integrantes do Grupo Terra, ONG cujo objetivo é a inclusão social das pessoas com deficiência visual, pelo contato com a natureza. Foi nas atividades promovidas pelo Grupo Terra, passeios para lugares de extrema beleza, com estreito contato com a natureza, que pudemos perceber a necessidade de descrever as paisagens para as pesssoas com deficiência visual, podendo, então, constatar a importância da descrição para uma participação mais plena nas atividades sociais e culturais, enfatizando o seu uso como prática nos passeios.
Também o cinema vem se beneficiando com a audiodescrição, em vários países europeus. No Reino Unido, Chapter Arts Center, em Cardiff, foi o primeiro a fazer uso do recurso com tradutores ao vivo. Na França, a Fundação Valentin Haüy também começou a oferecer esses serviços. Na Europa e nos Estados Unidos, já são muitos os filmes que contam com o recurso.
No Brasil, o primeiro filme, no circuito comercial, com audiodescrição foi “Irmãos de Fé”, do Padre Marcelo, lançado em 2005. Outras iniciativas têm sido feitas, como o Clube do Silêncio, em Porto Alegre, que produziu alguns filmes curta-metragem com audiodescrição, além de trabalhos de pesquisadores, como a professora Dra. Eliana Franco, da Universidade Federal da Bahia, e o professor Dr. Francisco Lima, da Universidade Federal de Pernambuco. Ambos têm feito trabalhos importantes sobre a audiodescrição, sendo que a primeira com filmes e o segundo com mapas e recursos didáticos.
Também o Festival Internacional de Filmes sobre a Deficiência Assim Vivemos , produzido por Lara Pozzobon, que acontece no Rio de Janeiro e em Brasília, oferece acessibilidade para pessoas com deficiência visual e auditiva em todos os filmes desde 2003. Graciela Pozzobon, atriz, é responsável pela audiodescrição em todos os filmes do festival.
Na televisão, o primeiro episódio envolvendo a audiodescrição aconteceu em 1983, na rede japonesa NTV. Nos anos 80, algumas experiências também foram feitas na Espanha, mas foi nos Estados Unidos que a audiodescrição decolou com programação produzida desde 1990 pela Media Access Group, o Descriptive Video Service. Esse serviço é patrocinado por doações e fundações, produzindo cerca de 6 a 10 horas de programação com audiodescrição por semana, que fica disponível em 50% das residências nos Estados Unidos. Estas transmissões são possíveis devido à presença de um canal secundário de áudio, a tecla SAP (secondary audio programme).
A evolução da televisão digital e outras tecnologias do gênero mudarão o modo como as pessoas irão acessar a informação. À medida que as tecnologias vão abrindo novas portas, outras poderão se fechar para as pessoas cegas e com baixa visão, caso não sejam dados passos que assegurem meios alternativos de navegação e a acessibilidade nesse novo ambiente. A figura do telespectador passivo está fadada a desaparecer. Em breve a televisão disponibilizará serviços interativos, educacionais, comerciais, e de entretenimento para lares, salas de aula, locais de trabalho e a acessibilidade para todos é um fator que precisa ser levado em consideração.
Os audiodescritores precisam de um curso de formação específico sobre o recurso que contemple informações sobre a deficiência visual, definição, histórico e princípios da audiodescrição, noções de sumarização e, principalmente, atividades práticas. Precisam, também, assistir a peça, filme ou espetáculo, algumas vezes, antes de fazer a audiodescrição, para se familiarizar com o tema, personagens, figurino, vocabulário específico, autor e cenários. Outro aspecto importante é a elaboração de script para audiodescrição, um roteiro com tudo o que será inserido entre os diálogos, que, no teatro, costuma ser aprovado pelo diretor da peça, o qual verifica a coerência e fidelidade ao tema e linguagem da obra. As informações sobre as cenas não podem expressar opiniões pessoais do audiodescritor. É, portanto, um trabalho minucioso que exige tempo, dedicação, objetividade e, acima de tudo, preparação.
O feedback das pessoas com deficiência visual que já experimentaram o recurso comprova a sua utilidade e eficácia – há um aumento significativo do entedimento, o que contribui para a inclusão social e cultural destas pessoas, ampliando, e muito, suas opções de lazer e cultura.” Por: Lívia Maria Villela de Mello Motta
AUDIODESCRIÇÃO – LEIS E DECRETOS
Outubro 2005 – o Comitê Brasileiro de Acessibilidade da ABNT publicou a NBR 15290, que estabelece os parâmetros técnicos a serem observados na produção da audiodescrição, closed caption e janela com intérprete de LIBRAS na programação das emissoras brasileiras de televisão. Junho 2006 – o Ministério das Comunicações publicou a Portaria 310, que tornou obrigatória a acessibilidade na programação das TVs abertas brasileiras. Esta Portaria determinou inicialmente a veiculação de programas com recursos de acessibilidade em pelo menos duas horas por dia, aumentando a obrigação diária um pouco a cada ano, de forma que, ao final de 10 anos, 100% da programação deverá ser acessível. Concedeu carência de dois anos para que as emissoras pudessem se preparar para incluir a audiodescrição e a legenda oculta em seus programas. Junho 2008 – No dia em que venceria a carência, o Ministério das Comunicações publicou a Portaria 403 suspendendo por 30 dias a obrigatoriedade da audiodescrição, atendendo a um pedido da ABERT – Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, que alegava não existirem audiodescritores no Brasil. Imediatamente teve início uma mobilização dos audiodescritores, das pessoas cegas e suas instituições representativas que resultou no agendamento, pelo Ministério das Comunicações, de uma reunião entre estas pessoas e a ABERT. Julho 2008 – Como resultado dessa reunião, o MC publicou a Portaria 466, agora concedendo prazo de 90 dias para que as emissoras passem a incluir a audiodescrição em seus programas, nos mesmos termos da Portaria 310. Esta obrigatoriedade teria efeito a partir de 28 de outubro de 2008.
Outubro 2008 – no dia 14/10/2008, o Ministério das Comunicações publicou a Portaria nº 661 suspendendo novamente o recurso da audiodescrição.
DIA NACIONAL DE LUTA DAS PESSOAS DEFICIENTES
21 de setembro
O Dia Nacional de Luta das Pessoas Deficientes foi instituído pelo movimento social em Encontro Nacional, em 1982, com todas as entidades nacionais. Foi escolhido o dia 21 de setembro pela proximidade com a primavera e o dia da árvore numa representação do nascimento de nossas reivindicações de cidadania e participação plena em igualdade de condições. Esta data é comemorada e lembrada todos os anos desde então em todos os estados; serve de momento para refletir e buscar novos caminhos em nossas lutas, e também como forma de divulgar nossas lutas por inclusão social.
Lei Nº 11.133, DE 14 DE JULHO DE 2005
Institui o Dia Nacional de Luta da Pessoa Portadora de Deficiência.
O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o É instituído o Dia Nacional de Luta da Pessoa Portadora de Deficiência, que será celebrado no dia 21 de setembro.
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Serviço
Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso) Informações ao público: 3397-4002www.centrocultural.sp.gov.br
Mais informações:
http://www.centrocultural.sp.gov.br/acessibilidade/
Os deficientes visuais que têm acesso à internet podem saber mais sobre a biblioteca e também ouvir o programa Braille Acontece, produzido pela Rádio Web, por meio do site <http://www.centrocultural.sp.gov.br/index.htm>
http://www.centrocultural.sp.gov.br/index.asp.