Ajudar um amigo deficiente físico a traduzir e a enviar e-mails em inglês foi a primeira ação voluntária da professora Denise de Miranda Mattos da Rocha, 32 anos. Em contato com uma organização não governamental dos Estados Unidos, esse amigo ganhou uma bolsa de estudos e passou três semanas naquele país. Denise, formada em Letras pela Faculdade Porto-Alegrense (Fapa) e com especialização, o acompanhou como intérprete.
Foi paixão instantânea pelo voluntariado. A gana de dedicar mais tempo a outras pessoas aumentou. Neste ano, em fevereiro, realizou um sonho: trabalho voluntário na África do Sul, em pleno ano de Copa, com uma de suas paixões, crianças. Ela integrou o programa Teach Kids on the Beach, da Central de Intercâmbio Porto Alegre.
– Passei o mês de fevereiro lá, morando em um albergue e trabalhando em uma creche pela manhã. Fazia de tudo, desde limpeza até a merenda das crianças. E, claro, tinha o momento de ensinar inglês – lembra a profissional, licenciada em Língua Portuguesa, Inglesa e Literatura nos dois idiomas, professora municipal em São Leopoldo e em escola de idiomas na Capital.
O desafio era ser compreendida por crianças entre dois e quatro anos de idade que conheciam apenas seu dialeto. Essa barreira foi vencida, também, com a ajuda das professoras nativas, que falavam inglês. Com desenhos e pinturas, Denise ensinou as primeiras palavras. Gestos e olhares completaram sua comunicação com os pequenos.
– Nossa, esse aprendizado da Denise não se consegue em escola alguma – comenta a professora Neiva Maria Tebaldi Gomes, coordenadora, junto com Anelise Burmeister, do curso de Letras do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter).
Ela identifica em Denise uma condição básica para o sucesso na carreira, a motivação e a inconformidade. Sua ânsia de novas experiências a coloca entre aqueles com grandes perspectivas na área. Para Neiva, profissionais assim mostram que é possível viver bem e ser feliz no magistério.
– Para egressos do curso de Letras, amplia-se o espaço para aulas particulares de línguas. Outro campo promissor está nas empresas. Qualquer companhia que precise de contatos internacionais necessita de proficientes de língua inglesa – alerta Neiva.
LEANDRO RODRIGUES