INTERNACIONAIS

Empresas qualificam deficientes

A inclusão do deficiente físico no mercado de trabalho no Brasil vive um dilema: de um lado, falta qualificação dos que buscam emprego, de outro, as empresas tampouco estão preparada para receber esse tipo de profissional. Uma iniciativa liderada pela Unilehu – Universidade para Eficiência Humana busca mudar esse quadro. Fundada há pouco mais de 6 anos, a instituição reúne 26 empresas do estado preocupadas em cumprir a Lei de Cotas, que estabelece um número mínimo de funcionários com deficiência para cada empresa.
A empreitada é ideia de Andrea Koppe, fundadora da Unilehu e ex-funcionária da Electrolux, uma das companhias que embarcaram no projeto. O objetivo é preparar tanto empregados como empregadores, por meio de cursos de qualificação. Dados do Censo 2000, os últimos disponíveis, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que 14,5% da população brasileira tem algum tipo de deficiência – o número equivale a 34,5 milhões de pessoas. Quase metade (48%) são deficientes visuais.

Uma demonstração de que o esforço da Unilehu tem dado certo foi a divulgação feita pelo HSBC, na semana passada, de que o banco atingiu a cota prevista em lei – a instituição tem mais de 1.001 funcionários; conforme a legislação, nesse caso 5% do quadro deve ser composto por deficientes. Feito em parceria com a Unilehu, o programa de capacitação do banco tem duração de 12 meses e é composto por duas etapas.

A primeira, teórica, tem duração de três meses e aborda temas como finanças pessoais, etiqueta empresarial, indústria financeira, informática e a estrutura do Grupo HSBC. A segunda fase é a chamada “on the job”, quando o deficiente já atua dentro da empresa, colocando em prática o aprendizado anterior. Desde 2006, quando começou o treinamento, mais de 700 pessoas já foram capacitadas. Iniciado em Curitiba, o programa hoje tem abrangência nacional.

“Quando propuseram esse programa, eu fiquei um pouco cético. Não acreditava que realmente seria possível. Mas o HSBC acabou descobrindo um novo mundo. Hoje, muitos dos deficientes físicos que acabam não sendo efetivados no banco são recrutados em outras empresas, porque já possuem capacitação”, afirma o diretor de Recursos Humanos para a América Latina do HSBC, João Francisco Rached.

Mercado

O deficiente físico Orion de Lagrota Neto considera a Lei de Cotas um avanço. Analista de markerting, ele entrou no HSBC pelo Programa de Inclusão de Pessoas com Deficiência há três anos. “A legislação força o mercado a abrir as portas. Essa falta de vivência dos gestores com os deficientes acaba se dissipando. Quando as barreiras são muito grandes, isso termina interferindo no trabalho do dia a dia, e muitos deficientes optam por deixar o trabalho e viver do benefício do governo”, diz.

Esse é um problema que a Unilehu tem buscado resolver. Como muitos dos deficientes físicos possuem uma formação educacional abaixo da média, há um esforço para reduzir a desvantagem em relação a outros profissionais. “Uma das grandes vantagens do programa é que não há limite de idades. E também oferecemos treinamento de aprendizagem, para que qualquer um possa retomar os estudos. Essa é uma alternativa que encontramos para diminuir a defasagem dos deficientes físicos, que historicamente foram excluídos, muitos inclusive não puderam estudar porque não havia escolas inclusivas capacitadas para recebê-los”, conta Andrea Koppe, presidente da Unilehu.

Hoje, o nível de retenção de profissionais entre as empresas que compõem a Unilehu já chega a 80%, para um período acima de dois anos. “No começo, era de 40%”, diz Andrea. O outro lado da moeda, conta ela, é a preparação da empresa para receber esse profissional. “De nada adianta o profissional estar pronto, mas a empresa não. Se não houver um acolhimento adequado, o deficiente físico vai abandonar o trabalho.” Para isso, a Unilehu também fornece cursos para gestores e auxilia na formação de um comitê de gestão para acompanhar a inclusão dos profissionais.

A entidade é mantida apenas com recursos das empresas parceiras, sem ajuda governamental.

Mais informações em http://www.unilehu.org.br’’

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