Os estudantes do curso de Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade Humanas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) foram “experimentar as acessibilidades” da Escola Secundária/3 Camilo Castelo Branco, escolhida para as candidaturas de acesso ao ensino superior no distrito de Vila Real.
Os resultados não foram positivos. Com a abertura da primeira fase de candidaturas marcada para o próximo dia 10 de Julho, o presidente e o vice-presidente do Núcleo de Alunos de Engenharia de Reabilitação e Acessibilidades Humanas (NAERA), David Fonseca e Márcio Martins, ambos portadores de deficiência, provaram aquilo que haviam afirmado em comunicado: “alguns locais de candidatura ao ensino superior não possuem acessibilidades para estudantes com deficiência”.
Chegados ao local, os dois alunos deparam-se com os primeiros condicionalismos. “A nossa primeira dificuldade foi o estacionamento, pois não há um lugar para deficientes. Além disso, não tem uma rampa para as cadeiras de rodas subirem o passeio”, afirmou David Fonseca. Márcio Martins, deficiente motor, depois do “embaraço” de ter de parar o trânsito para conseguir sair do carro e chegar ao passeio, questionou, em forma de desabafo: “para que nos dão o dístico que identifica o carro como sendo de um deficiente, se depois não temos um lugar para estacionarmos e temos de passar por isto?” Seguiram-se as inúmeras escadas da entrada principal da escola Camilo Castelo Branco. Depois de 10 minutos de espera no fundo da escadaria, Márcio Martins ultrapassou a dificuldade graças ao amigo e à “disponibilidade e amabilidade” de um funcionário da escola. Já no interior do estabelecimento, pediram para ser recebidos pela direcção da escola. A prontidão da presidente do Conselho Executivo foi imediata e mostraria compreensão pela iniciativa dos jovens alunos. No final da “visita”, David Fonseca explicou que “somente foi escolhida esta escola porque é onde que vão ser as candidaturas”. Para o presidente do NAERA esta é uma situação “inadmissível”. “As escolhas deviam ter em conta a igualdade de todos. Neste caso, podiam ser adoptadas medidas, por exemplo, uma tecnologia criada por um pioneiro na Engenharia de Reabilitação, Jaime Filipe, que é um elevador manual para cadeira de rodas, premiado em 1985, há 23 anos portanto”, concluiu David Fonseca. O Mensageiro procurou saber os critérios para a escolha desta escola junto do coordenador da Equipa de Apoio às Escolas – Douro Norte, Carlos Fraga. “Não é por causa do ingresso que a escola fica com ou sem acessos, porque se a escola funciona com os seus alunos com deficiência, também terá uma solução para os que se forem candidatar”, esclareceu. O coordenador afirmou ainda “o incentivo feito às candidatura via internet, pois facilita qualquer situação de mobilidade”.