Em comemoração à Semana do Deficiente Físico, começou nesta sexta-feira (20) o 8º ciclo de palestras na área da Deficiência Intelectual da ABADS (Associação Brasileira de Assistência e Desenvolvimento Social), antiga Sociedade Pestalozzi de São Paulo, na capital paulista.
O evento anual, que acontece até este sábado (21) em São Paulo, marca uma nova etapa na instituição, que é referência na formação educacional e de saúde de crianças e jovens com deficiência intelectual. Segundo a presidente da ABADS, Grace Pereira, a novidade é marcada pelo aumento do leque de atuação e da proposta do grupo, que ampliou o atendimento aos autistas e mudou sua razão social procurando expandir suas ações de maneira nacional.
– A Pestalozzi mudou sua razão social porque estamos ampliando nosso leque de atuação, atendendo aos autistas.
O coordenador pedagógico Fábio de Oliveira, que trabalha com as crianças autistas há pelo menos um ano, data do começo do atendimento pedagógico voltado a eles na instituição, cria programas de ensino individuais para cada aluno, com o intuito de direcioná-los à sala mais adequada ao seu grau cognitivo e comportamental.
– Para diagnosticar uma pessoa com autismo tem que se observar o comportamento. Se o indivíduo não responde a estímulos quando são chamados e no caso de crianças que parecem surdas e que não engatinham, é crucial procurar um atendimento personalizado.
A ABADS tem pré-escola e ensino fundamental de 1ª a 4 ª série, oficinas pedagógicas, atividades esportivas, laboratório de informática e aulas de fisioterapia, fonoaudiologia e consultas com neurologista, voltadas para pessoas com até 22 anos.
Essas aulas foram fundamentais para o filho da funcionária pública Beatriz Rodrigues de Melo Oliveira, de 38 anos, que tem Síndrome de Down, aprender a andar e a falar. Durante a aula de fisioterapia, Luís Felipe Rodrigues de Melo Oliveira, de três anos, brinca no escorregador como se nunca tivesse tido dificuldade de se locomover.
– Ele evoluiu muito depois das aulas, está falando e andando, mesmo com alguma dificuldade.
Mercado de trabalho
A instituição já inseriu 119 jovens no mercado de trabalho por meio de seu programa de emprego apoiado. Um consultor faz a ponte entre os jovens alunos e as empresas que oferecem as vagas. De acordo com a presidente da ABADS, o programa é indicado aos alunos maiores de 16 anos, sem restrição de idade superior.
– Temos um resultado muito positivo em relação aos nossos aprendizes. Vendo esses fatos, toda a diretoria concordou que não faz mais sentido usar a marca Pestalozzi porque ela está ligada à integração social, o que não deixa de ser a base da instituição, mas agora queremos integrar também o mercado de trabalho.
Dois alunos estudantes do 4º nível (semelhante ao 4º ano do ensino fundamental) são exemplos. Rafael Malfi trabalha em restaurante fast-food, enquanto Regiane Teixeira é empacotadora de uma grande rede de supermercados. A instituição atende ao pelo menos 700 pessoas gratuitamente e tem uma fila de mais de 1.500 que esperam por uma vaga.
A cerimônia de abertura contou ainda com a presença da secretaria do Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistela, entre outros secretários municipais e seus suplentes. Para a secretaria, a ABADS tem papel importante na inserção dos deficientes na sociedade.
– É na escola que a gente derruba os paradigmas. A experiência de viver em uma instituição é muito importante, abre as portas para a sociedade. Mas o dia em que crianças que não têm deficiência puderem frequentar essas escolas será muito importante. Ao participar dessas instituições, a inclusão se materializa, mas elas precisam avançar além do atendimento às pessoas com deficiência. A Pestalozzi tem dado mostras de como é possível fazer a inclusão social e mudar a história.